Livro pequeno, de capa dura, foi lançado recentemente pela colecção 1001 Mundos e pertence à saga fantástica de Patrick Rothfuss, constituindo uma história isolada que decorre no mesmo Universo. Sentido grande curiosidade pela Saga, mas com pouca vontade de carregar o calhamaço gigante que é o primeiro volume, logo me precipitei para este.
Apesar de não seguir a linha narrativa da Saga, o autor avisa-nos logo no início que poderá ser pouco apropriado para quem não conhece as regras do Universo fantástico. O alerta prolonga-se com o autor a afirmar que, na verdade, até poderá ser pouco apropriado para quem conheça os restantes livros, pois poderá estranhar a diferença no ritmo e narrativa, bem como a única personagem em que se centra. Alertada. Ignorei tudo isto e prossegui.
A história centra-se em Auri, uma jovem e muito pequena rapariga que vive num local subterrâneo registo por estranhas leis mágicas, com as quais a rapariga se encontra em sintonia. Perfeitamente integrada com o espaço que a rodeia, deambula entre os túneis, seguindo canos de diversos materiais para encontrar o que procura.
As regras daquele local são imensas: cada objecto tem o seu local perfeito, perto de outros que o completam; cada local tem a sua própria forma de ser atravessado e explorado; cada acção tem um tempo e uma forma perfeita de ser executada. E tudo isto contribui para que a harmonia permaneça tanto em torno de Auri, como na mente de Auri.
De acção lenta e meticulosamente descrita, o pequeno livro descreve sete dias bastante diferentes de Auri, dias em que o labor é perfeito, e dias em que até levantar da cama é um erro, dias em que todo o cuidado da rapariga é recompensado, e dias em que mesmo sem fazer nada, o equilíbrio é facilmente quebrado.
Este descrever das acções lentas e detalhadamente pensadas consegue ser simultaneamente fascinante e irritante. Fascinante pelo conceito de delicado equilíbrio que rodeia todas as coisas, irritante porque no limite parecem as acções de um obsessivo-compulsivo que se aborrece sempre que algo muda de sítio.
No final, fica a ideia de uma história engraçada, intercalada por pequenas e bonitas ilustrações, que talvez me tenha convencido a perceber um pouco mais do Universo por detrás de todos os detalhes relatados neste livro.
Entre leitura de excertos e críticas, confesso que Rothfuss é daqueles autores que não tenho vontade de ler. 😛
Peço desculpa, só agora vi o teu comentário 🙂 As críticas à saga dele têm sido muito positivas e pelo que sigo no twiter / blog, / etc parece ser uma pessoa muito bem formada. O tamanho dos livros é que me assusta – andar com aqueles tijolos na mala só se for para dissuadir algum assaltante. E a ideia que tenho é que a escrita também não há-de ser das mais movimentadas…