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Se adorei Kafka on the Shore, bem como Hard-boiled Wonderland and the End of the World, o mesmo não posso dizer de outros livros de Haruki Murakmi como The Wind-up Bird Chronicle, After Dark ou Sono, em que achei que a exploração da fórmula estava a perder magia e mistério, deixando um esqueleto que se vai movendo a custo.

Foi assim com algum receio que peguei neste Os Assaltos à Padaria, publicado pela Casa das Letras, em formato semelhante ao Sono, uma história curta bastante ilustrada, em que gostei mais das imagens do que da história. Felizmente, apesar da história simples, gostei bastante dos Assaltos.

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Ainda que esteja separado em dois contos, os dois constituem uma história maior. No primeiro dois amigos esfomeados resolvem assaltar uma padaria, levando consigo duas facas. Quando chegam à padaria os dois rapazes hesitam em perpetuar o crime na presença de uma cliente, mas assim que ela sai, logo se decidem.

O dono da padaria oferece então um acordo – na ausência de não quererem simplesmente levar o pão, oferece uma maldição. Proposta negada pelos jovens, com a qual o dono da padaria contrapõe, indicando algo inusitado.

Vários anos mais tarde, um dos rapazes, recém-casado, acorda durante a noite, conjuntamente com a esposa, ambos com uma fome desvairada. Abrindo as portas do frigorífico  e das despesas, o que encontram mal dá para empatar.

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Estranhando a dimensão da fome o rapaz recorda o assalto à padaria com o amigo, contando o episódio à esposa. A conclusão é imediata – estará amaldiçoado. Para quebrar o sentimento, deverá assaltar realmente uma padaria. Mas àquelas horas, onde?

Estranho, surreal e cómico. As duas histórias interligam-se e complementam-se, não existindo uma sem a outra, dois episódios mirabolantes com suficientes elementos estranhos, mas não excessivos que agradam sem se alongar demasiado.

Visualmente consegue ser um livro agradável, repleto de imagens a três cores, à semelhança da capa: dourado, verde e branco. A combinação resulta muito bem nalgumas páginas, mas excede-se noutras, originando imagens com demasiado brilho, espampanantes e pouco elegantes.

Sem ser tão excepcional quanto as minhas primeiras leituras de Haruki Murakami (até porque o formato não permite esse desenvolvimento), possui uma boa história, coesa com laivos cómicos que me fará dar uma nova oportunidade ao autor, em histórias mais longas.

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