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Clássico de fantasia, O Cavaleiro Sueco de Leo Perutz é um dos mais recentes lançamentos da Cavalo de Ferro que foi directamente para a minha lista de compras:

Nos primeiros anos do século XVIII, numa Europa em convulsão, ainda mergulhada na superstição e no Antigo Regime, atravessada por brigantes e dragões dos exércitos combatentes na Grande Guerra do Norte, que opõe o jovem imperador sueco à aliança formada pelas restantes potências da região, dois fugitivos procuram abrigo num velho moinho. Um deles é um comum ladrão acossado pelas autoridades locais, o outro é um nobre, desertor do exército sueco. Exaustos e sem mais recursos para se furtar a um destino que os condenará ao patíbulo ou às galés, firmam um pacto com um moleiro espectral: o ladrão assumirá a identidade do nobre, transformando-se no Cavaleiro Sueco, o segundo rumará, sem nome, para os trabalhos forçados nas forjas do Bispo, isto até que os seus caminhos se voltem a cruzar…

Se O Cavaleiro Sueco possui traços de histórias populares, já Um Cisne Selvagem de Michael Cunningham captou-me pela forma como parece transformar as histórias que conhecemos na infância, conferindo-lhes características mais actuais e adultas:

Uma maçã envenenada e uma pata de macaco com poder para mudar o destino, uma rapariga cujo cabelo extraordinariamente comprido é fonte de malefícios, um homem com um braço humano e uma asa de cisne, uma casa na floresta, construída com gomas e pão de gengibre, cobertura de baunilha e caramelo. O monstro está à nossa frente na fila de pagamento de uma loja de conveniência, a comprar tabaco enquanto o seu sorriso voraz se abre para a empregada da caixa. Um homem preguiçoso prefere viver na cave da mãe a procurar um emprego, até ao dia em que troca uma vaca por um punhado de feijões mágicos. Em Um Cisne Selvagem e Outros Contos, as personagens e os símbolos de terras muito, muito distantes – figuras míticas das nossas infâncias e origem de tanto do nosso assombro – são transformados por Michael Cunningham em histórias sublimes de revelação.

Eis aqui também os momentos que os nossos contos de fadas esqueceram ou omitiram deliberadamente: os anos depois de o feitiço se quebrar, o momento de êxtase em que um milagre inesperado se opera ou o destino de um príncipe apenas parcialmente libertado de uma maldição.

Reimaginadas por um dos mais talentosos narradores da sua geração e delicada e belissimamente ilustradas por Yuko Shimizu, raras vezes as nossas histórias ao deitar foram tão sinistras, perversas… ou verdadeiras.

As Reencarnações de Pitágoras é o mais recente volume da Enciclopédia Universal de Afonso Cruz, um conjunto de histórias como entradas alfabeticamente organizadas que constroem lentamente uma história maior com detalhes curiosos.

Ao lado encontra-se Prodigies de Angélica Gorodischer, autora de ficção científica que tem apenas três livros publicados em inglês: Kalpa Imperial, Trafalgar e Prodigies. Este parece bastante diferente dos anteriores:

Prodigies explores the story of the poet Novalis’s birthplace in the German town of Weissenfels after it is converted into a boarding house. Moving, subtle, and full of wit, irony, and dreams, this novel fills the house with the women who lived there throughout the nineteenth century, and across the flow of history constructs the secret drama of their destinies.

Estes são três volumes da nova colecção da Marvel a ser publicada pela Salvat quinzenalmente.