
Com a arma de Bogart foi um dos livros referidos por Filipe Homem Fonseca na sessão de Junho de Recordar os Esquecidos onde se destacou a forma concisa, quase em modo de diário facebook, como surgiam alguns dos textos.
O tom é irónico, uma sátira à política e aos tachos que usa o absurdo para realçar ideias e criar um tom leve, cómico mas corrosivo:
– Continua com os seus tiques?
– Infelizmente.
– Tem isso desde quando?
– Desde que vim para patrão.
– Veio, de onde?
– De lambe-botas. É a letra abaixo no quadro.
A história começa quando o patrão, ex-lambe-botas, é incumbido de arranjar uma ideia verdadeiramente original. Sem nunca ter a certeza de a encontrar, irá arranjar forma de se desfazer da tarefa de forma bastante original. E conclusiva.
Decompondo o esquema dos tachos e das carreiras à sombra da bananeira, subvertendo conceitos em caricaturas entre o absurdo e o ridículo, mas usando linguagem clara e, quase sempre, frases curtas, Com a arma de Bogart é um livro pequeno mas interessante, em que se realça, também, a forma visual como resolve algumas questões narrativas.