Este é o segundo livro de Ricardo Araújo Pereira, sendo que o primeiro que li era dedicado aos vários tipos de humor, A doença, o sofrimento e a morte entram num bar. Este é bastante diferente, reunindo várias crónicas curtas sobre assuntos diversos, raramente ocupando mais do que duas páginas por tema.

As crónicas encontram-se dispostas em quatro secções: Comente o seguinte país, Admirável facebook novo, Então mas o que é isto, Assim como nós não perdoamos a quem nos tenha ofendido.

Na primeira questiona-se a sociedade portuguesa (ou a economia) em textos como A Sociedade secreta do povo português, enquanto que, na segunda, se fala das incoerências trazidas pelas novas tecnologias, passando por temas como o Facebook dar, às suas colaboradoras, a possibilidade de congelarem os óvulos para não prejudicarem a carreira por se dedicarem à maternidade.

A terceira parte contém textos variados, começando por incidir sobre o bom (ou mau, neste caso) português, e passando a falar sobre o papel do humor (e sobre o que pode ser alvo do humor). Já a quarta agrega textos sobre religião e racismo, tocando, como não podia deixar de ser, no nome de Trump.

Com alguns textos interessantes mas, também, com muitos textos já meus conhecidos, Reaccionário com dois cês fornece vários momentos de leitura rápida e concisa, onde o autor expõe pequenos raciocínios com pitadas de sarcasmo.

Reaccionário com dois cês foi publicado pela Tinta da China.