
Eis um livro de super-heróis que se centra muito pouco nos super-heróis, mas antes num grupo de 5 jovens que descobre o corpo de uma heroína na floresta, Plutona. O grupo pouco coeso composto por duas raparigas, o irmão de uma delas, um arruaceiro e um geek promete guardar segredo como forma de proteger a cidade dos vilões que, ao descobrirem a morte de Plutona, poderiam programar grandes ataques.

A partir daqui explora-se a dinâmica do grupo. Uma das raparigas está apaixonada pelo arruaceiro e por isso deixa que este maltrate a amiga com excesso de peso, num misto de indiferença e traição da amizade. Por sua vez, o arruaceiro apresenta a rebeldia típica daqueles que estão à guarda de um pai bêbado e desinteressado, sendo a sua frieza a lidar com os outros uma forma de se proteger. Simultaneamente, o geek está obcecado pelo corpo da heroína e acredita que poderá adquirir os seus poderes se usar o sangue de Plutona, convencendo o mais jovem dos cinco a guardar segredo e a acompanhá-lo ao bosque.

Nada é tão simples quanto poderia ser e o corpo de Plutona é apenas uma justificação adicional para a interacção dos cinco jovens – um segredo partilhado que facilita a cumplicidade mas que irá, também, quebrar longos laços de amizade. Cada jovem tem as suas próprias razões para agir em segredo e utiliza o encontrar do corpo como catalisador dos seus próprios planos.

Com uma premissa que não é totalmente original e explorando a complexidade da adolescência, Plutona consegue apresentar personagens com dimensão própria com as quais é possível sentir empatia. A história vai explorando, ligeiramente, o contexto familiar de cada jovem e assim permitir dar-lhes peso e importância para além do estereotipo fácil. Não é uma leitura fabulosa, mas é envolvente e consegue entregar uma ou duas surpresas narrativas que fazem a história valer a pena.