Neon é o mais recente lançamento de Rita Alfaiate, a mesma autora de No Caderno de Tangerina e Tangerina que tinham surpreendido positivamente há alguns anos. Apesar de serem histórias a preto e branco, o traço detalhado e expressivo, as mudanças adequadas de perspectivas, e a narrativa cativaram-me. Cada um dos volumes pode ser lido isoladamente, mas em conjunto apresentam diferentes pontos de vista, que tornam cada uma das histórias bastante mais interessante.

Este volume distingue-se dos anteriores, quer pelo aspecto (colorido) quer pelo conteúdo. A história leva-nos a um futuro incerto, a uma cidade de tecnologia avançada que funciona automática e incessantemente. É nesta cidade que encontramos uma jovem rapariga, a única habitante desta metrópolis, que recupera o seu companheiro canino sob a forma de robot. Mas um dia o telefone toca…

Sob esta premissa altamente tecnológica, Rita Alfaiate apresenta páginas densamente coloridas num resultado mesmerizante. Os cenários nocturnos são iluminados por tons neons que remetem para um futurismo robotizado. Os diurnos são menos fluorescentes, mas também se encontram densamente pintados, resultando em páginas igualmente belíssimas.

Em termos de narrativa, Rita Alfaiate volta a apresentar uma história que é aparentemente simples, mas que se revela diferente da expectativa no final, com uma camada interpretativa que dá outra dimensão ao que lemos.

Neon encontra-se entre os melhores lançamentos da Escorpião Azul, quer pelo visual cativante e surpreendente, quer pela componente narrativa, onde Rita Alfaiate joga com a realidade e as perspectivas que se revelam ao leitor.