
O Vento nos Salgueiros é um clássico da literatura juvenil da autoria de Kenneth Grahame. Adaptado para múltiplos formatos, entre eles, claro, a banda desenhada, foi lançado numa edição em quatro volumes e capa mole há vários anos. Já tinha começado a ler a série nessa edição mais antiga, mas ainda não tinha conseguido adquirir os quatro volumes. Felizmente, a Arte de Autor lançou recentemente uma edição integral que permite a leitura de toda a história, num formato de melhor qualidade.
Cada volume apresenta uma história diferente em torno de quatro animais amigos: a toupeira, o rato, o sapo e o texugo. Cada um vive de forma diferente e dá valor a partes díspares da vida no campo. De personagem em personagem, de particularidade em particularidade, o cruzamento dos quatro peculiares animais vai resultando em mirabolantes aventuras – sobretudo as protagonizadas pelo sapo que, tendo vários defeitos, acaba por empurrar as restantes personagens.



As primeiras aventuras são mais suaves e caseiras, resultando de pequenas deambulações na floresta e piqueniques, havendo quem se perca e quem aspira um rápido retorno a casa, mesmo que a sua casa não seja tão luxuosa ou grandiosa quanto a de outros animais. Entre os pequenos sustos, os animais também param para celebrar e para criar novas memórias de convivência e amizade.
Algumas aventuras, centram-se mais no sapo despardalado, resultando em histórias menos suaves e menos caseiras, mostrando como o feitio inventivo e gabarolas deste animal o metem (a ele e consequentemente aos amigos) em episódios complicados e mirabolantes. Nesta sequência, ocorrem corridas de carro e fugas da polícia, não faltando uma rebuscada fuga da prisão.



A execução visual tem um tom clássico, acompanhando bem a aura das aventuras, com paisagens bucólicas de tom pastel. A narrativa (e sobretudo as falas mais longas) requereu uma leitura mais pausada mas plenamente apreciada – são aventuras deliciosas que remetem para um estilo próprio da época em que foram escritas.
O Vento dos Salgueiros é a adaptação do livro clássico de Kenneth Grahame, resultando numa leitura formidável e pausada. As personagens possuem características bastante diferentes e a combinação dos seus diferentes feitios e interesses resulta em curiosas perspectivas. Julgo que o tom mais pausado fará com que nem todos apreciem esta obra, mas, por minha parte, gostei bastante!


