Este foi o segundo livro que li de William Gibson. O primeiro tinha sido Neuromancer.
Talvez por ter comparado Neuromancer ao anteriormente lido Altered Carbon de Richard Morgan, não achei que fosse livro para originar o burburinho que originou. Talvez na altura em que foi lançado tivesse sido original.
Spook Country também não me ficou na memória como um grande livro. Continuação de Pattern Recognition, peguei em Spook Country sem ter lido o anterior.
A história é o resultado da sobreposição dos pontos de vista das três personagens principais – Hollis Henry, Tito e Milgrim.
Hollis Henry é uma ex-estrela de Rock que após a dissolução da banda, e de um investimento mal gerido, tenta seguir carreira como jornalista free-lancer.
Tito é membro de uma família cubo-chinesa em que todos recebem um treino militar russo especial à semelhança dos espiões. Para se comunicarem os membros da família utilizam uma linguagem própria – o volapuk.
Milgrim é um drogado, mantido sob cativeiro, com o intuito de descodificar as mensagens em volapuk.
Sem grandes detalhes científicos e com uma tecnologia ligeiramente mais avançada à que temos disponível hoje em dia, Spook Country é um livro sobre o mundo da espionagem, dos media, da informação e da contra-informação.
Segundo alguns artigos, o livro lida com os efeitos socioculturais da tecnologia. Para mim, estes efeitos serão um pano muito secundário e demasiado abstracto da história. Este é um mundo de faz de conta criado para enganar outrém, aquele que nos espia, mas em que talvez acabemos por nos enganar a nós próprios. A maioria das acções são tomadas tendo em conta a impressão a criar, e só talvez 5% pertencem a algo que se quer mesmo fazer. Lavagem de dinheiro, contra-inteligência, espionagem – são estes o tema principal da história.
Mas não me convenceu. Demasiado impregnado com uma urgência que soa a falso, transmitiu-me aquela sensação de surrealidade que afasta o leitor. A acção é rara, praticamente inexistente e quase toda a história é passada à pesca não se chega a saber muito bem do quê.
Cris, você não é a única a achar que Neuromancer não é aquela coisa toda. O caso é que Neuromancer foi escrito para uma geração específica, para um zeitgeist dos anos 1980. Eu li no apagar das luzes daquela década, em 1989, e mudou a minha concepção de ficção científica. Mas não conheço uma só pessoa que leia Neuromancer hoje e fique impressionada.
A minha teoria é que Gibson fez um trabalho tão bom que deu frutos nas obras de Neal Stephenson, Cory Doctorow, Richard K. Morgan e David Louis Edelman – e ele próprio agora parece fazer sentido apenas para quem o leu desde o começo.
Eu traduzi Pattern Recognition no Brasil, e a mim o livro me soube muito bem – mas, repito, talvez porque eu tivesse desde cedo esse vínculo com Gibson.
Para mim, hoje em dia, entre os ex-cyberpunks, acho que Gibson perde para Sterling, porque Gibson é um esteta, ao passo que Sterling é um escritor ainda conectado com todo o resto – política e ecologia, principalmente.
Ai está outro autor do qual ainda não peguei em nada – Sterling.
Como gostei mais do Morgan que do Gibson, pode ser que goste dos livros do Sterling.
Cris, nesta próxima semana os blogs que compõem o “Blogger Book Club” farão resenhas de Schismatrix Plus, do Sterling. Você está convidada a participar. Mesmo se não puder resenhar esta semana, o convite permanecerá de pé, ok?
Se você se interessar (e seus leitores também, o convite é aberto a todos), é só checar o seguinte post:
http://verbeat.org/blogs/pwt/2008/12/blogger-book-club-reminder-bru.html
Ok ! Nesta semana irá ser impossível, mas fica a nota para uma das próximas !
Certo! É só acompanhar o meu blog Post-Weird Thoughts; hoje postarei minha resenha, e provavelmente na semana que vem já teremos o livro para a próxima edição (deverá ser em fevereiro).