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Da Família de Valério Romão foi o livro que fiquei com vontade de ler depois de assistir ao lançamento. Tendo-me deslocado ao local por curiosidade em relação ao livro de Joana Bértholo, gostei bastante do conto que o autor leu – uma história negra com uma boa dose de ironia que me pareceu bem construída. Deixo aqui a sinopse:

Um dos mais desafiantes escritores da actualidade regressa com um conjunto de 11 contos, alguns deles anteriormente publicados em revistas como Grantaou Egoísta. Em estilo de grande crueza lírica, expande aqui  o  seu  universo  para  o  tema  omnipresente  da  família,  desenhando  com  inusitada  autenticidade extraordinárias personagens e ambientes apocalípticos.Na capa, um pequeno espelho, que o tempo e o uso riscarão, lembra que ninguém, nenhum dos incautos leitores, consegue escapar do retrato de família, uma qualquer família. «O nascimento do Rogério foi a coisa mais bonita a acontecer-nos enquanto casal, diria mesmo que o foi o momento pelo qual ambos esperávamos como se de um crisma se tratasse e ele viesse de frança, do céu, do bico de uma cegonha, cansada daqueles três quilos e oitocentos confirmar  finalmente  a  nossa  união,  por  não  podermos  nunca  mais,  desde  o  advento  do  cristianismo, sermos só e apenas dois: a unidade é a trindade, repetia-me a Marta, no lusco-fusco, quando esgotados  e satisfeitos de muitas formas distintas caíamos, um em cima do outro, fruta madura num alguidar de linho à espera do consolo da noite e do silêncio.»

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Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira é um dos livros do Plano Nacional de Leitura, contando as aventuras fantásticas de um rapaz que deixa a sua aldeia para viver o mundo. Explorando conscientemente os clichés das lendas e dos contos de fadas, Aventuras de João Sem Medo permite uma dupla leitura das histórias que contem, uma mais inocente onde nos rimos da audácia de João Sem Medo, e uma segunda de crítica social e política, sob as mais variadas formas de estilo. Um livro extraordinário para jovens e graúdos que decerto agradará a muitos.

O próximo livro, Inventário do Pó, é então o mais recente lançamento de Joana Bértholo, autora cujo trabalho conheço apenas das publicações em parceria com outros autores, pela Prado. Baseando-se na obra de René Bértholo, a autora desenvolveu várias histórias ficcionais, dispondo-se o texto de acordo com o seu conteúdo, sempre em letras da cor do pó. Sim, todo o interior, letras ou imagens, possuem a mesma cor que a capa.

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Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo é um daqueles livros que ando há anos para comprar, mas não tendo apanhado, até ao momento, uma promoção que tornasse o preço mais aliciante, me tenho inibido de adquirir. Recentemente, a FNAC lançou uma promoção com 30% de desconto em todos os livros. E aproveitei para adquirir. A história parece borgiana, mas apenas saberei quando o puder ler:

Para escapar ao anonimato de uma vida comum, à solidão da escrita e ao esquecimento dos futuros leitores, o narrador de “Uma Mentira Mil Vezes Repetida” inventou uma obra monumental, um autor – um judeu húngaro com uma vida aventurosa – e uma miríade de personagens e de histórias que narra entusiasticamente a quem ao pé dele se senta nos transportes públicos. Assim vai desfiando as andanças literárias de Marcos Sacatepequez e o seu singular destino, a desgraça do Homem-Zebra de Polvorosa, o caos postal de Granada, a maldição do marinheiro Albrecht e as memórias do velho Afonso Cão, amigo de Cassiano Consciência, advogado e proprietário do único exemplar conhecido de Cidade Conquistada, a obra-prima de Oscar Schidinski. Enquanto o autocarro se aproxima de Cedofeita, ou pára na rua do Bolhão, quem o escuta viaja do Belize a Budapeste, passando pelas Honduras, por estâncias alpinas, por Toulon ou por Lisboa. Mas se o nosso narrador não encontrou a glória – senão por breves momentos e na mente alheada de quem cumpre uma rotina – talvez tenha encontrado o amor. Ou será ele também inventado?

Apesar de Há Sempre Tempo Para Mais Nada ser apenas o segundo livro, Filipe Homem Fonseca não é um novato na escrita, sendo mais conhecido mais conhecido para os textos que escreve para a televisão ou para o teatro, escreveu também ficção num formato curto (relembro a participação na Antologia de Ficção Científica Fantasporto. A sinopse (que deixo abaixo) já me tinha despertado a curiosidade, mas acabei por aproveitar a tal promoção da FNAC.

O mundo anda faminto de qualquer coisa que não sabe o que é. Mãos estendidas, estômagos vazios, gente que morre à espera. “Há Sempre Tempo Para Mais Nada” é uma história de perda colectiva e individual, pombos e pilotos suicidas, mosquitos assassinos, macacos raivosos, e rostos sem corpo. A extinção pessoal de um viúvo, embalado numa dança de miséria irresistível que faz da distância um pormenor. Uma viagem de Lisboa a Varanasi, na Índia, terra de morte definitiva num tempo em que nem todas o são, onde o viúvo espera consumar, afundada no rio Ganges, a mais triste das despedidas.

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Do lado esquerdo, o resultado da mais recente parceria da Levoir com o Pùblico, uma colecção de banda desenhada em capa dura e a preço acessível. Do lado direito, um dos lançamentos da Image deste ano, Outcast. De ambiente negro, este volume inicia uma história misteriosa e inquietante onde a apatia da personagem principal, traumatizada por vários acontecimentos na infância, contagia o leitor, conferindo um sentimento de anestesia perante a violência de algumas cenas – talvez por ser mais subtil, e termos conhecimento dos acontecimentos sem necessariamente os visualizarmos, a sensação com que ficamos é a de que este primeiro volume é suficiente para intrigar, mas talvez não para viciar e cativar o leitor para os próximos. Deixo-vos a sinopse:

Kyle Barnes has been plagued by demonic possession all his life and now he needs answers. Unfortunately, what he uncovers along the way could bring about the end of life on Earth as we know it.