Authority – Jeff Vandermeer

Authority é o segundo volume da trilogia Area X, iniciada com Annihilation. Se, no primeiro volume, começamos a perceber o que é a Área X com base nos testemunhos de uma expedição, em Authority assistimos às consequências dessa expedição e ao alastrar de uma série de problemas que, afinal, não estavam circunscritos àquela zona.

Area X é o nome dado à área desconhecida que agora ocupa um território. O episódio que criou este território é mal compreendido. Percebe-se que simultaneamente (ou de forma independente) se definiram fronteiras intransponíveis na sua qualidade totalidade e que os humanos que lá existiam desapareceram, para dar lugar a um selvajaria estranha de elementos desconhecimentos.

Se a definição que vos apresentei parece pouco nítica é porque assim o é ao longo dos dois volumes. O que percebemos imediatamente é que existe uma entrada controlada por uma organização militar e que os humanos que exploram o território aparecem misteriosamente em casa, sem memória da expedição e com cancro.

No primeiro volume, Annihilation, acompanhamos um dos membros de uma das expedições, uma bióloga que vai descrevendo os estranhos e psicóticos acontecimentos que separam o grupo, bem como as estruturas e os monstros que encontra.

Neste segundo, Autorithy percebemos que, na tal expedição, se encontrava a directoria da organização responsável por controlar as entradas na Area X. Tendo desaparecido, precisa de ser substituída. Nada melhor do que Control, um agente de funções cirúrgicas que terá por objectivo “limpar a casa”, papel ingrato quando o grupo de trabalho que incorpora tem vários anos de cumplicidade.

Entre vídeos de outras expedições, relatórios e experiências com coelhos, Control é inundado por informação desnecessária e irrelevante quando o que deveria procurar se encontra no próprio edifício – é que os membros há muito que apresentam comportamentos suspeitos, arrepiantes até, que são lentamente revelados.

Partindo do ponto de vista de uma personagem que encara esta Area como algo que desconhece (tanto como o leitor) e, assim, mais centrado na observação de comportamento e factos em torno do fenómeno, achei Authority menos interessante do que o primeiro volume. Ainda assim, adensa o mistério e revela mais pistas sobre o que poderá esconder esta Area.

Se tinha sentido Annihilation como uma história mais fechada e independente, estranha e misteriosa, mas com uma espécie de final, este segundo termina quase em aberto, mantendo-nos em expectativa para, o que espero ser, um grande final no terceiro.

A trilogia encontra-se em adaptação para cinema e vai ser publicada em Portugal pela Saída de Emergência, com data de lançamento do primeiro volume já para dia 06 de Maio.