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Comprei este livro na minha última visita à Fyodor, pensando estar a comprar mais um romance africano de Agualusa. Bastou a primeira página para perceber que o livro descrevia algo mais, não que a sinopse esconda a verdadeira natureza da história, mas para comprar um livro do Agualusa normalmente não preciso de ler a sinopse. A Vida no Céu é uma história pós-apocalíptica, em que a terra terá sido engolida pelas águas. Restam os ares, para os quais os homens se dirigem, ascendendo aos céus, em balões e grandes dirigíveis.

Neste mundo a internet persiste numa grande parte do ares, possibilitando a fácil navegação e a comunicação entre cada compartimento aéreo. As aves (os seres sobreviventes) são quase sagradas, e os vários papéis económicos são desenvolvidos por cada uma das vilas (conjuntos de balões): vilas pesqueiras e vilas de comerciantes. Permanece a nostalgia dos mais velhos, que recordam ainda os cheiros da terra, e a liberdade de poder correr sem parar.

Carlos vive em Luanda, um conjunto de balões que terá tido origem em Angola e que escolheu como negócio os livros, contituindo uma biblioteca nos ares. A vida do jovem altera-se quando, numa tempestade, o pai cai do balão. Há quem o julgue morto e perdido nos mares, mas não Carlos que resolve partir para procurar o pai nos balões que se encontravam na área aquando da intempérie. Um desses balões é Paris, uma cidade voadora na qual terá uma jovem amiga bastante rica, que o ajudará.

Entre traficantes e piratas acompanharemos Carlos e Aimée na busca do pai de Carlos e na sua libertação. Uma aventura em que os dois acabam por percorrer bastantes cidades e culturas, vivendo pequenas episódios onde são heróis constantes, contra todas as possibilidades. Agualusa vai aproveitando para descrever como a humanidade se foi transformando com a vida nos balões. Ainda assim, uma história de que gostei bastante com dirigíveis fora do contexto steampunk que tem sido habitual.

Entre a culpa da humanidade no desastre ecológico e a descrição da nova estrutura social, a história flui rapidamente (ou não tivesse lido o livro em pouco mais de hora e meia). O defeito estará no demasiado centralismo nos dois jovens que acabam por se transformar em heróis salvadores em todas as situações que defrontam: capacidades que são explicadas no decorrer da história mas que não me conveceram em todos os casos.