Contado pela perspectiva do autor enquanto criança (supostamente, pelo menos) mostra um menino de cabelos alourados que causa fascínio nos países do médio oriente. Filho de um sírio com uma francesa, muda frequentemente de país, conhecendo os familiares de ambos os lados e apresentando os contrastes de comportamento, postura e afecto.

A primeira viagem leva-os à Líbia onde o pai aceitou um cargo como professor assistente, uma posição em que é pago em dólares. Encontram um país de traços comunistas, sem aquisição de propriedade onde a mãe não consegue manter o cargo na rádio.

Após uma curta estadia em França, a família desloca-se para a Síria, perto da vila onde o pai terá nascido. Aqui a situação familiar é complexa. O tio, obtuso e ganancioso, terá vendido as terras do pai por achar que este já não iria necessitar delas e, em troca, deixa-os usar uma das casas. Tal troca torna-se razão para os primos implicarem com o autor enquanto criança, mostrando ressentimento para com o alojamento.

O pai é um homem contraditório, de contrastes culturais e de crença, que vai adaptando às necessidades. Algo déspota em relação à sua família, mostra-se estranhamente infantil para com a mãe e submisso em relação ao irmão mais velho. No início mostra-se um revolucionário que acha que a sociedade árabe deve mudar mas, com o tempo, revela-se menos anarquista.

Diferente dos restantes membros da família pelas suas características ocidentais, Riad é ostracizado pelo primos, estranha a cultura e a forma diferente de se falar o árabe na Síria, não chegando a ir à escola, apesar das tentativas do pai – tentativas que a mãe enfrenta duramente quando se apercebe da maldade, normal naquele meio, para com um cão.

Caricato no tom, especial pela perspectiva de criança, O Árabe do Futuro mostra o contraste de culturas que é absorvido pela criança,realçando as discrepâncias lógicas que parecem existir no pai consoante as circunstâncias em que se encontra. Revelando uma capacidade precoce para o desenho, a criança vai-se adaptando ao que a rodeia.

Os três volumes de O Árabe do Futuro foram lançados em Portugal pela Teorema.