A colecção novela gráfica de 2018 abre com um belíssimo álbum de Jiro Taniguchi, um dos mais conhecidos autores de Mangá que marcou espaço no mercado português com O Homem que Passeia ou O Diário do meu pai. Referido como escrevendo histórias mais ocidentais, foi convidado pelo museu do Louvre para criar este álbum. O resultado é um livro que enaltece quer as obras quer a história do museu, representando algumas das mais emblemáticas obras e integrando-as na narrativa.

A história centra-se num homem, japonês, que terá aproveitado uma viagem para passar uns dias extra em Paris. Mas o cansaço fragiliza as defesas imunitárias e passa algum desse tempo no quarto de hotel, com febre e delirante. Os poucos dias que passa em Paris destinavam-se a visitar o Louvre e assim que pode, é para lá que se dirige, aproveitando o pouco tempo que lhe resta – quando as tonturas retornam e o ambiente adquire uma aura fantástica, a personagem deixa de perceber se tudo não passará de um sonho.

Durante Os Guardiões do Louvre o autor dá vida a algumas das mais conhecidas obras do museu, concedendo-lhes o papel de guardiões que levam a personagem a conhecer alguns artistas (principalmente aqueles que irão influenciar a arte japonesa) e a perceber como é que as obras de arte sobreviveram à invasão alemã durante a Segunda Guerra Mundial, numa manobra arriscada que poderia ter destruído grande parte da exposição.

Um dos elementos mais fabulosos deste livro são as imagens onde se mostram algumas das obras de arte. As salas do Louvre são belissimamente desenhadas e quando se apresentam os quadros replica-se o estilo artístico do original. O resultado visual é de grande qualidade, em tons leves quando não assume a cor das obras de arte que explora, mostrando Paris como armazenando imensas possibilidades artísticas.

Como complemento, o final do livro possui alguma informação adicional sobre os artistas japoneses mais falados, bem como de Vincent Van Gogh, Antonio Fontanesi (que iria para o Japão em 1876 introduzir o ensino da pintura a óleo) e Corot.

Os Guardiões do Louvre foi publicado pela Levoir em parceria com o jornal Público.