Depois de ter revelado os jogos mais jogados e os melhores para crianças e para grupos, hoje apresento os melhores jogos abstractos que experimentámos em 2019, bem como os que proporcionaram os melhores momentos de jogo.
Jogos Abstractos
1 – Tash Kalar

Esta foi uma das grandes surpresas na área dos abstractos, sendo um daqueles que cá veio parar a casa como presente, sem estar no nosso radar. Apesar de uma ou duas críticas menos positivas (a do Tom Vasel é especialmente curiosa) Tash-Kalar possui bons mecanismos de compensação fazendo com que, num jogo a dois, a cada ronda, os jogadores iniciem com maior equilíbrio de forças.
O mecanismo de jogo é simples – cada jogador tem, à vez, duas acções, e, em cada acção, pode colocar uma peça, ou invocar uma criatura. As criaturas só podem ser invocadas quando se consegue realizar determinado padrão e a sua invocação traz a possibilidade de utilizar os poderes dessa criatura, apenas uma vez. O objectivo do jogo é a obtenção de pontos, pontos esses que são obtidos com o atingir de determinadas condições (indicadas nas cartas expostas).
2 – War Chest

Recém chegado ao top de jogos abstractos, War Chest prima nos acabamentos. As peças são pesadas, os sacos são de luxo, e a própria forma como o jogo nos é apresentado destaca-o entre outros jogos do género. Este é, também, um jogo de colocação de peças no tabuleiro, mas estas peças vão tendo poderes diferentes.
Existem dois tipos de acções que uma mesma peça pode realizar, sendo que, para algumas é necessário descartar uma peça do mesmo tipo. Cada peça possui poderes próprios que são conhecidos por todos os jogadores, de acordo com a carta que a acompanha.
3 – Tzaar

Este jogo faz parte de um grupo de sete jogos desenvolvidos por Kris Brum, num projecto denominado GIPF (nome do primeiro jogo). Tratam-se de jogos abstractos de regras bastante simples e de visual minimalista (pelo menos no desenho do tabuleiro). Já as peças possuem uma excelente qualidade.
Dos quatro que cá temos, este é o meu favorito – não só, novamente, pela simplicidade, mas também porque o vencedor é o que conseguir acabar com as peças do adversário de um dos três tipos. Esta condição de victória permite desenvolver mais do que uma estratégia em simultâneo.
4 – Azul – Summer Pavilion

Enquanto que o primeiro Azul continua a ter um lugar muito especial cá em casa (tanto por ser uma escolha quando queremos incluir novos jogadores, como por ser relativamente rápido ao final de um dia de trabalho), o segundo azul foi algo de que gostámos, mas que é raro voltar à mesa.
Já este terceiro possui o mecanismo de pontuação do primeiro, com a limitação de rondas do segundo, fazendo com que o jogo tenha um decorrer tão elegante quanto o primeiro, e uma duração de jogo mais previsível. A experiência de jogo é semelhante ao do primeiro Azul, tanto a dois como a quatro jogadores.
5 – Botanists

Visualmente agradável, Botanists agradou pelos mecanismos. A sucessão de acções é simples, fazendo com que seja um abstracto agradável, relaxante e envolvente. Foi uma das grandes surpresas do ano que não tem uma melhor classificação entre os restantes abstractos por alguns elementos de design: um tabuleiro demasiado grande, uma disposição das cartas que dificulta a visualização do tabuleiro. Mas se nos focarmos nas mecânicas e na experiência de jogo, são ambas bastante positivas.
6 – Paris

Rápido, de visual agradável e acabamentos cuidados, Paris é um jogo de dois jogadores que decorre dentro da própria caixa. Destaca-se por ter duas fases de jogo, uma para disposição de peças e reserva de edifícios, e uma segunda para colocação de edifícios e activação de diferentes poderes (dispostos ao redor do tabuleiro / caixa).
OS MELHORES JOGOS DE 2019
Então, e no meio de todas estas classificações, quais foram os melhores novos jogos de 2019?
1 – Wingspan

Vencedor do prémio Spiel des Jahres para a categoria de conhecedor (Kennerspiel des Jahres) Wingspan destaca-se entre os jogos de 2019 por diversos motivos. Por um lado é, como outros jogos recentes da Stonemaier Games, um jogo de poucas regras e poucas opções: captar comida, colocar uma ave, pôr ovos ou obter mais cartas de aves.
Por outro, as cartas baseiam-se em aves reais, cujas características foram agrupadas e adaptadas para fornecer diferentes poderes ao longo do jogo. Ainda, não é de esquecer o aspecto do jogo, o dispensador de dados que é uma casa, o acabamento dos ovos, e mesmo a arte das cartas, torna este jogo visualmente muito atractivo.
2 – Roam

O criador de Eight-minute empire lançou, no início de 2019, um pequeno e interessante jogo – Roam. Trata-se de um jogo que pode ser incluído na categoria de abstracto, mas que está decididamente no meu top de jogos deste ano.
Em Roam o objectivo é adquirir pontos. Estes pontos podem ser conseguidos através da aquisição de ferramentas (com moedas) ou cartas. As cartas encontram-se voltadas para baixo, fazendo parte de um mapa no qual vamos colocando peças. Quando todos os espaços de um mapa estiverem preenchidos, o jogador com mais peças nessa carta, ganha a carta.
Roam foi adquirido através de Kickstarter e ainda não o vi noutras lojas. É um jogo pequeno, relativamente portátil que se expande na mesa. A experiência de jogo é muito agradável a 2, a 3 ou a 4, destacando-se pelo visual e por conseguir, com uma simplicidade de regras, que se desenvolvam estratégias interessantes.
3 – Caverna

Caverna é, na prática, um Agricola 2. Mas diferem algumas coisas. Ao invés de grandes e pequenas melhorias (minor e major improvements) que são disponibilizadas em cartas, existem várias peças que podem ser compradas por todos os jogadores, com efeitos semelhantes. Para além de criarmos novos campos de cultivo, vamos cavando as montanhas para aumentar a casa e criar minas profundas.
A experiência de jogo é semelhante, mas tem diferenças fundamentais. Se, em Agricola sentimos pressão em conseguir alimentar todos os membros da família, aqui, essa pressão desvanece-se. Por outro lado, o facto de todas as melhorias estarem disponíveis publicamente, aumenta as possibilidades de cada jogador, algo que alguns vêm como um facilitador, preferindo moldar a estratégia à sorte das cartas. Para mim, são exactamente estes factores que me fazem preferir Caverna a Agricola.
4 – Tapestry

As opiniões dividem-se. Uma produção cuidada, elementos de qualidade e uma premissa engraçada – construir uma civilização. Mas se, para alguns, a pouca diversidade de acções deixa um travo amargo, para outros é exactamente essa limitação que confere alguma elegância.
Detalhando. Existem quatro percursos de evolução possíveis. Para evoluir em cada um deles temos de gastar recursos. Quanto mais evoluímos, mais recursos gastamos. O truque consiste em ir evoluindo também noutros percursos, pois iremos acumular vantagens para avançar melhor nos que realmente pretendemos. Ou pelo menos, esta tem sido a minha abordagem.
5 – Century – A New World

Century: Spice Road já tinha sido um sucesso cá por casa, sendo jogado diversas vezes com jogadores pouco experientes tanto pela simplicidade de regras, como pelo tempo de jogo – suficiente para ser estimulante, mas não tão longo que novos jogadores se cansem. O segundo manteve-se interessante, mas acabou por não ser tão jogado.
Este terceiro parece ser mais direccionado a jogadores mais experientes, misturando a colocação de trabalhadores com o mecanismo de troca de recursos que é típico do primeiro jogo. Adicionalmente, o jogo possui uma parte variável do tabuleiro, o que lhe aumenta a variedade.
Menções honrosas
Explorers of the North Sea

Sim, gosto bastante dos jogos desta linha. Explorers of the North Sea possui a particularidade de se ir construindo o tabuleiro enquanto se joga. Em simultâneo, explora-se o mapa criado, usando os barcos que levam Vikings e vários tipos de animais. Trata-se de um jogo leve que se torna refrescante pelo conjunto de mecânicas simples que usa.
The Quacks of Quedlinburg

Cá em casa não costumamos gostar de jogos baseados em sorte. Mas neste caso (um push your luck, com bag building), apesar de a sorte ter algum papel, os jogadores é que vão construindo a sua própria sorte, adicionando peças ao seu saco que podem ser determinantes .