João Barreiros alertou-me para este lançamento – uma nova edição de um livro que já foi publicado em Portugal na antiga colecção Argonauta, agora lançado pela Sistema Solar:

A morte suicida do homem a luta com um mundo que lhe foge.

Como já é habitual, a sinopse desta editora é bastante minimalista, mas é complementada por crítica (na página de venda da Wook):

«Hoje, o nome do escritor J.-H. Rosny aîné surge ligado, sobretudo, ao seu romance La Guerre du feu, de 1909, uma história do homo faber preocupado com a imprescindível posse do fogo essencial à sua sobrevivência. Mas publicou, no ano seguinte ao desta sua obra mais célebre, uma bastante curiosa novela a que deu o título A Morte da Terra.
Esta morte é pré-anunciada por quase todas as religiões. Surge como castigo divino, desenvolvida em narrativas apocalípticas que competem entre si nos horrores que destinam ao homem julgado pelo seu comportamento terreno. […].
A Ciência, essa prevê a morte da Terra por razões não determinadas pela justiça implacável e temperamental dos deuses. Conhece-lhe uma morte ainda muito longínqua, ligada ao inexorável envelhecimento do Sol; sabe que um meteorito de grandes dimensões, com uma trajectória que o faça embater no planeta, pode anular-lhe a vida que muito lentamente ressuscitará, talvez sob novas formas, como já aconteceu quando um acidente deste tipo livrou a Terra da fauna feroz e disforme a que damos hoje o nome de dinossauros; […].
J.-H. Rosny aîné soube em 1910 sonhar esta morte suicida do homem, vítima dos excessos provocados pelo seu avanço civilizacional. Teve a coragem de um texto desolado, que imagina o fim do derradeiro resto da humanidade não exposto a um brutal acidente cósmico nem apocalíptico, mas ao esgotamento (ajudado por movimentos sísmicos) dos seus recursos naturais. O planeta desses dias é um imenso deserto onde subsistem alguns oásis ainda férteis mas com uma progressiva escassez de água. Já não há florestas nem rios nem lagos nem mares, todos os animais irracionais desapareceram com a excepção de algumas aves, evoluídas no seu comportamento até zonas próximas da racionalidade; e há já indícios de uma vitória de minerais a progredirem num comportamento animalizado que os parece destinar a futuros ocupantes da Terra.»
Aníbal Fernandes