Eis o segundo volume de uma aventura que decorre no mesmo mundo que Bone, a aclamada (e brutal) história de banda desenhada de Jeff Smith. Tom Sniegoski construiu uma nova história, com novas personagens e novos objectivos, de forma surpreendente. Julgo que pegar nas mesmas personagens não iria funcionar – Jeff Smith não só as tinha já desenvolvido, mas também caracterizado. Ao criar as suas próprias personagens, reaproveita o cenário sem cair na armadilha de ser incoerente com Jeff Smith.

Depois da leitura do primeiro volume encomendei rapidamente os dois restantes – mas ainda não tive coragem para ler o terceiro. Isto porque irá ser uma despedida ao mundo de Bone, sendo que já li praticamente todas as histórias associadas a este Universo fantástico.

Este segundo volume fortalece o desenvolvimento das personagens, iniciado no primeiro volume, enquanto as leva a enfrentar perigos cada vez mais reais. Mas são também estes perigos que irão cimentar os heróis escolhidos e fazer-nos perceber que qualidades os distinguem.

Existem traidores e vilões ridículos, existem heróis inseguros e criaturas apatetadas. Os ratos continuam a apresentar uma aura cómica que contrasta e balanceia o teor sério e de urgência da missão dos heróis – contem com estas criaturas para as conversas mais infantis, absurdas e idiotas (mas simultaneamente perigosas) de sempre.

Tom Sniegoski conseguiu fazer um trabalho excelente ao pegar no mesmo Universo fantástico, ainda que tenha muito menos envergadura e peso que a história original. Menos complexo, menos personagens, menor complexidade e menor tensão – mas suficientemente independente e bastante coes, resultando numa história com bastante acção e reviravoltas, para nos colar à sua leitura.

Esta série não é de banda desenhada, mas é antes uma história ilustrada, apresentando várias imagens dos nossos heróis, bem como páginas de rebordos coloridos que lhe dão um aspecto mais clássico, mas também, mais fantástico.