Capa fofinha e sinopse intrigante! As capas desta série remetem para algo juvenil e inocente, mas se lermos o resumo percebemos que por detrás deste aspecto feliz, algo de muito negro se esconde – uma expectativa que é cumprida logo no primeiro volume.

A história apresenta-nos um orfanato onde um grupo de crianças de diversas idades se diverte diariamente. A mãe, a figura de autoridade que cuida deles, é a única adulta no edifício e possui um aspecto calmo, complacente e bondoso. Para além das brincadeiras, o grupo é sujeito a provas recorrentes e de tempos a tempos, alguns são levados para adopção.

Tudo parece normal. Se não virmos as grades nas janelas, os muros extremamente altos e a proibição de se aproximarem do portão. Quando uma das crianças é adoptada e deixa o precioso peluche para trás, um grupo de crianças mais velhas resolve levá-lo ao portão, por forma a devolvê-lo. Descobrem assim uma terrível verdade que irá manchar toda a sua existência. Começa aqui o jogo do gato e do rato, em que as crianças que viram tal cenário não o podem divulgar, e planeiam a fuga das instalações.

A história começa com um tom de fofinho enjoativo, focando-se no amor que as criancinhas têm umas pelas outras, e na forma como interagem, com alegria e despreocupação, definindo como família alargada todas as outras crianças e referindo-se a única adulta como a mãe, uma figura de aspecto perfeito, que inspira calma e confiança.

Felizmente, algo acontece que torna toda esta inocência em algo mais sombrio, e dando, a todos estes momentos de interacção infantil, um segundo sentido. As crianças que descobriram o tal segredo tentam comportar-se como anteriormente, tecendo planos para fugir com os seus irmãos. Mas tal como num jogo de xadrez, alguns dos seus movimentos são percebidos e neutralizados.

Se forem como eu e não leram a sinopse antes de pegarem na série, preparem-se para ser surpreendidos. A revelação é potente e contamina toda a fofura que possam observar, antes e depois do momento da descoberta. É um segredo perverso que choca ainda mais pela inocência e perfeição dos momentos que o rodeiam.

O desenvolvimento é, até agora, lento, pegando em pequenos detalhes e pistas que são, lentamente, espalhados e explorados. O primeiro volume apresenta a grande revelação, enquanto o segundo prossegue com a apresentação de um traidor. A história vai-se focando noutras personagens e noutras interacções, rendendo o peixe de forma competente. Pelo menos, nestes dois primeiros volumes.

Esta é, sem dúvida, uma série que irei prosseguir pelos próximos volumes (pelo que pesquisei são, ao todo, 20 volumes). Quem procurar histórias fofinhas deve-lhe pegar com cuidado. Quem procura histórias perversas não devem esmorecer nas primeiras páginas.