Quando ouvimos falar de Gotham City e de super-heróis pensamos, claro, em Batman. Mas neste cidade onde as condições humanas se degradam e o crime cresce, há espaço para que muitos seres humanos enlouqueçam e para que alguns adquiram poderes sobrenaturais. Ao contrário de Batman. Whistle promete, segundo a sinopse, criar mais um super-herói! Neste caso, será uma personagem bastante peculiar.
Zimmerman é uma jovem activista que tenta sobreviver na cidade, entre os estudos e um part-time para ajudar a mãe com os tratamentos para combater o cancro. Apesar dos valores bem vincados, quando a mãe precisa de tratamentos bem dispendiosos, acaba por cair em tentação e aceitar um trabalho de um velho amigo da família para organizar noites ilegais de jogo.



Ainda que, inicialmente, Zimmerman esteja ocupada e fascinada com o trabalho que lhe rende o suficiente para conseguir tratar a mãe e lhe permite uma existência mais glamorosa, há-de recordar-se de quem é, e debater-se consigo própria para sobreviver em Gotham enquanto se mantém fiel a si mesma.
A história contém um enquadramento mais YA, centrando-se em personagens jovens e nos conflitos pessoais próprios da idade. Zimmerman tem responsabilidades, principalmente com uma mãe doente, mas também se sente atraída por um amigo que a acompanha nas acções de activismo. Ainda que o interesse pareça ser mútuo, as circunstâncias parecem manter a personagem demasiado ocupada para avançar em algo mais concreto. Mas na realidade, tal resulta também da idade da personagem.



Apesar de todas as dificuldades, Zimmerman quer melhorar a cidade onde cresceu. Gotham tem os seus problemas, mas a jovem gosta da cidade e faz parte de várias iniciativas para a tornar num espaço melhor para todos. A doença da mãe vai fazê-la mudar o foco momentaneamente, e, como indicado anteriormente, existirá uma altura de fascínio por uma existência glamorosa, mas também momentos de confronto de realidades.
Zimmerman parece estar a descobrir-se a si própria – por um lado parece apresentar valores importantes, por outro, parece conviver bem com a origem do dinheiro do seu novo trabalho, que estará associada a actividades ilícitas. Inicialmente, parece ser incoerente e, até, imoral, mas a verdade é que Zimmerman não tem grande escolha – ou aceita a origem deste dinheiro, ou não conseguirá pagar os tratamentos da mãe.



Whistle não é um livro normal de super-heróis. Não é um livro de confronto entre o bom e o mal, focando-se mais na personagem e, consequentemente, na aquisição de superpoderes e na decisão em se transformar numa espécie de super-herói. Mas, não esperem que de repente se transforme numa lutadora exímia do crime, capaz de aniquilar os mais poderosos vilões. Existem alguns, muito poucos, confrontos tangenciais.
Não é, portanto, uma leitura adequada para quem pretende uma história típica de super-heróis e vilões. Deverá, no entanto, ser uma leitura para os mais jovens que procuram descobrir e criar empatia para com uma nova heroína, com poderes bastante peculiares. No final, fica a questão se irão surgir mais histórias com Whistle e que tom tomarão.
