Sim, já li este livro há umas semanitas, mas se tardei a comentá-lo não foi porque não gostei, mas sim porque pretendia incluir uma foto a um edifício, na Amadora, cujas paredes possuem imagens alusivas a esta banda desenhada.
Beterraba: A vida numa colher apresenta-nos uma vida dedicada a um projecto surrealista, um sonho de grandeza sem meios de concretização, onde aos esforços sem fruto se junta a frustração de não produzir descendência masculina.
Olegário é o nome do homem em busca do sonho, que tenta, de uma terra inóspita retirar o seu sustento. Mas daquela terra pouco se colhe, a não ser beterrabas que lá se dão bem.
As cores saturadas lembram aquele ambiente do Sul de Portugal onde o sol forte tudo torna encadeante e pouco definido, num excesso de exaltação dos sentidos que irá revelar a obstinação de Olegário.
Com mais filhas do que conseguimos contar, o tão ambicionado herdeiro masculino há-de vir, mas não da forma que se espera – até porque as raparigas foram educadas no meio deste deserto de beterrabas, e pouco ou nada sabem da convivência com outros.
Esta não é a história de um único homem, mas uma história demasiado comum de esforços vãos em demandas iludidas de intuito grandioso, objectivos demasiado elevados e pouco pensados.
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