Eis mais um volume, com uma história de Cixin Liu adaptada para o formato de banda desenhada! Neste caso, trata-se de uma história de primeiro contacto! Ainda que existam muitas histórias com este tema que apresentam uma perspectiva bastante positiva, de troca de tecnologias e ascensão da espécie humana, alguns cientistas começaram recentemente a apresentar uma perspectiva mais cínica – será que uma espécie alienígena nos reconheceria os seres humanos como inteligentes?
Bem, esta parece ter sido a questão que deu origem a esta história. Neste caso, uma figura alienígena, proveniente dos confins do Universo pretende fazer arte com toda a água da Terra, reconhecendo e comunicando apenas com um humano que vê como um colega artista. Para este alienígena nenhuma outra criatura do planeta Terra é vista como digna de referência.
Com a progressiva utilização da água da Terra (e transformação em gelo no espaço), os seres humanos vão tentando várias estratégias para parar o alienígena. Sem grande efeito. E nem mesmo as conversas com o humano artista o demovem de prosseguir com o que considera ser um fim mais elevado.



Trata-se de uma história estranha, mas bem representativa da precaução que se deveria ter em contactar outras espécies alienígenas. Existem vários factores que podem determinar um encontro menos pacífico e, neste conto, explora-se uma vertente até neutra – não é que o alienígena pretenda extinguir os seres humanos ou confrontá-los, simplesmente não os reconhece como criaturas dignas da sua atenção.
Em termos de enredo e desenvolvimento, esta história possui pouco mais. Não existe uma grande caracterização ou desenvolvimento de personagens, nem reviravoltas ou perspectivas geniais. Existe “apenas” uma divergência sobre o que é importante na existência e sobre valores que se opõem – e como argumentar quando a base lógica é tão distante?
Visualmente, Sea of Dreams apresenta bons momentos, tanto na representação da espécie alienígena como na obra de arte. Em termos narrativos possui uma mensagem óbvia, que (pelos comentários internacionais que li) causou alguns reacções menos positivas nos americanos, habituados em ver os Estados Unidos da América no centro do Mundo.



Não é um volume excelente, existindo outros do autor mais interessantes e envolventes, mas é uma história curta com detalhes curiosos, ligeiramente irónicos, um género de alerta coerente com as mais recentes mensagens de alguns cientistas relativamente a contactos com alienígenas.
Esta história pode ser lida na revista Asimov de Janeiro / Fevereiro de de 2018.
