Como já referi anteriormente, comecei a explorar o Grishaverse – uma série fantástica criada por Leigh Bardugo que foi adaptada para televisão com relativo sucesso, apesar de só terem sido lançadas duas épocas. A série literária conta com pelo menos 12 histórias, algumas em formato mais curto (conto, como esta, The Witch of Duva) outras em formato de banda desenhada.

Dado já ter visto a série televisiva, optei por explorar as histórias por ordem cronológica, começando com o The Witch of Duva, e progredindo para este Demon in the Wood, uma banda desenhada que nos leva à adolescência de Aleksander, enquanto deambula com a sua mãe, de esconderijo em esconderijo, mudando de nome e de referências para não serem apanhados.

O duo pretende esconder-se desta vez num acampamento de Grishas – nome dado a todos os seres humanos que nascem com poderes. Ainda que estes poderes confiram capacidades interessantes, os Grisha são frequentemente caçados e eliminados, razão pela qual estão em constante mudança. Neste caso, o acampamento está relativamente perto de uma vila, mas mantém algum anonimato ao se manter afastado e simples, sem grande vigilância ou suporte.

A recepção é dúbia. Entre os adultos mais velhos sente-se reticências em deixar a mãe de Aleksander fazer parte do conselho. Já entre os mais jovens, denota-se um grupo evidente de rufiões que hostilizam e atormentam os mais fracos. Aleksander, dotado de um forte sentido de justiça, intervém. Se, por um lado, esta intervenção fá-lo ganhar duas amigas, também gera fortes inimigos.

Esta história é interessante sobretudo pelo retrato de Aleksander, um jovem rapaz, justo e carente de ligações humanas, que se vê sucessivamente traído e afastado – até entre os Grisha, pois os seus poderes são distintos, não só pela força, mas pelo potencial em ampliar as capacidades dos restantes. Na prática, este é um episódio marcante que mostra o desenvolvimento de um vilão. Assim se constrói um vilão.

Apesar das excelentes críticas de quem é fã da série, achei esta história razoável, mas relativamente linear e, até previsível nalguns aspectos. Sendo interessante a forma como exemplifica o surgir do vilão que conhecemos, apresenta uma execução competente, mas simples. Nesse sentido, os desenhos acompanham este sentimento. Competentes, até elegantes, mas não extraordinários. É, no entanto, uma história interessante, sobretudo para quem está a explorar o mundo apresentado.