Como já referi noutros posts, ando à procura da próxima série Mangá que seja algo mais profundo do que o género Dragon Ball e One Piece (de que gosto como leitura leve e aparvalhada). Estou à espera do próximo volume de Magus of the Library (o que deve demorar um ano) e estou no final da The Promised Neverland. Entre as recomendações por semelhança encontram-se Fairy Tail (que, apesar de ter gostado, é demasiado leve) e esta. Confesso que a premissa desta The Ancient Magus Bride me colocou de pé atrás. Infelizmente, os meus receios concretizam-se, apesar de ter achado o Mundo fascinante.

A jovem Chise, órfã, é descartada pelos sucessivos familiares, acabando por ter uma auto-estima muito baixa. De instituição em instituição, acaba vendida num leilão para mágicos devido às suas (até então desconhecidas pela própria) capacidades mágicas. Quem a compra é um Mago, um dos mais antigos e poderosos, que não só a acolhe e trata bem (como família) como tem planos para a tornar na sua esposa no futuro.

Ainda que esta vertente seja suavizada, sem existirem interacções de cariz sexual ou referências a tal, não consigo ler a série sem me recordar do Síndrome de Estocolmo. Chise é uma personagem que começa por ter uma auto-estima muito baixa, e foi comprada por uma entidade poderosa. Ainda que esta entidade não pareça perceber as implicações e tente ser amigável e um cavalheiro no trato, não deixo de pensar que parece uma história de grooming, mesmo que as intenções do mago não sejam conscientemente essas (não é humano). Talvez se a nomenclatura original para o relacionamento não referisse o noivado esta vertente fosse mais aceitável, dado que não parece existir nenhum cariz sexual no relacionamento.

Então, o que tem a série para além disso? A construção do mundo. Esta é claramente fascinante, com uma lógica muito própria, onde, por exemplo, existem dragões, mas estão em extinção, as fadas são criaturas aparentemente simpáticas mas com uma agenda própria. A utilização da magia e os tipos de Magos é algo também bastante curioso e fascinante, devendo estar em equilíbrio com o que rodeia, e tendo uma ligação especial com os vários elementos naturais.

Portanto, apesar de ter adorado o mundo mágico que é desenvolvido neste primeiro volume (e que dá a entender existir muito mais a ser explorado nos próximos), decerto não continuarei a leitura desta série por conta do relacionamento das duas personagens principais.