Na mais recente onda de romances asiáticos com premissas entre o realismo mágico e a fantasia (em que li primeiro o Antes que o café arrefeça) podemos encontrar este O Grande Armazém dos Sonhos. A ideia é engraçada, a concretização é demasiado fluída e superficial, não atingindo nada em concreto, apesar de deixar uma sensação de agradabilidade. Não é, portanto excepcional e, até, diria, que vai ser esquecível – ainda que não seja propriamente mau.

Penny é uma jovem à procura do seu primeiro trabalho. Onde? No Armazém dos sonhos – uma loja que ocupa vários pisos na cidade, onde se podem comprar sonhos diversos. Cada patamar possui um tipo de sonho, que pode desenvolver, nos seus compradores, uma diversidade de sensações. E é com estas sensações que são pagos os sonhos – até porque estas sensações podem ser armazenadas e substituir combustível, por exemplo.

Apesar de ser a mais nova funcionária, Penny vai ter a possibilidade de conviver com produtores de sonhos e perceber, em primeira mão, os efeitos psicológicos que diversos sonhos podem provar, mesmo quando se tratam de pesadelos. Os sonhos podem proporcionar experiências, reviver recordações ou levar as pessoas a perceber algo sobre as suas próprias vidas.

O tom é ligeiro e fantástico, mas sem grandes consequências. A personagem principal vai podendo perceber as diferentes motivações e ver as consequências das aquisições, numa lógica muito própria ao mundo que aqui é exposto. Não existe propriamente um conflito nem uma direcção narrativa, antes uma sucessão de episódios ligeiros que permitem perceber a premissa da venda de sonhos. É, portanto, uma leitura engraçada, mas que pouco traz de novo.