
Tendo-se tornado uma das minhas autoras favoritas (ainda que nem todos os seus livros sejam formidáveis, gosto de praticamente todos), tenho tentado adquirir tudo o que tem lançado. Este trata-se de um terceiro num género de trilogia de terror centrada numa mesma personagem que vai tendo que lidar, em cada volume, com um género de monstro ou fenómeno sobrenatural.
O primeiro (What moves the dead ) é uma referência ao clássico The Fall of the House of Usher e foi uma óptima surpresa. Talvez por conta das elevadas expectativas, gostei menos do segundo volume, What feasts at night, mas este, que parece até afastar-se do cerne do terror, volta a apresentar uma história original que, apesar do suspense, apresenta elementos de fantasia e ficção científica.
What stalks the deep leva-nos aos Estados Unidos da América para explorar o desaparecimento de um homem numas minas remotas. As cartas que precedem o desaparecimento apresentavam indícios de um fenómeno estranho, existindo, na região, relatos de pessoas comidas por ursos. Ainda que ninguém tenha propriamente visto um urso.
O pequeno grupo começa por explorar as minas, ficando rapidamente cientes dos perigos naturais deste género de construções subterrâneas. As possibilidades gasosas são muitas, provocando envenenamentos ou explosões, pelo que a exploração terá de ser cautelosa. Mas o receio dos fenómenos naturais acaba por ser ultrapassado pelo surgir de algo que parece arrastar-se pelos túneis sombrios.
Com a exploração das minas, sente-se a claustrofobia. O grupo montou acampamento na floresta, isolados, havendo pouca interacção com outras pessoas (mas a que existe é significativa para o avanço da história). Os túneis são fechados, e mesmo sem o perigo de algo sobrenatural ou monstruoso, as minas têm várias armadilhas mortais, desde bolsas de gás variados a derrocadas. É neste local fechado, onde os caminhos são poucos, que o grupo se vai aperceber que algo rasteja com eles.
Este ambiente de terror claustrofóbico, é complementado por uma visão irónica da personagem principal. Com um humor inteligente e engraçado, que sabe rir das próprias situações perigosas em que se mete (e das más decisões que pode tomar), apresenta uma descrença no sobrenatural que tem sido posta à prova nestes três volumes, havendo agora margem para acreditar que algo diferente pode estar a decorrer.
Ainda assim, diria que este volume é o que explora mais as vertentes do terror ligadas à ficção científica, convertendo-se por vezes mais num thriller onde se sucedem as cenas de acção e de confronto. Estas cenas vão recordar as personagens dos traumas de guerra que sofreram, justificando algumas reacções, sobretudo as que se sucedem a explosões.
What stalks the deep é uma história relativamente curta, tal como os volumes anteriores, que é, também, relativamente linear, explorando poucas opções quanto ao mistério do terror, levando a que as descobertas não sejam totalmente uma surpresa. Talvez pela abordagem um pouco diferente, como narrativa, tornou-se o favorito dos três.