Favoritos anteriores
- Ray Bradbury
- Colleen McCullough
- China Miéville
- Umberto Eco
- Amin Maalouf
- Ursula le Guin
- Neil Gaiman
- Guy Gavriel Kay
- Michal Ajvaz
- Station Eleven
- His Dark Materials
- The Preacher
13 – Dino Buzzati
Apesar de O Deserto dos Tártaros ser o livro mais conhecido de Dino Buzzati, foi através de O Segredo do Bosque Velho que conheci o autor e é este, de todas as obras que dele li, aquele que mais apreciei. Utilizando elementos naturais humanizados bem como génios, contrasta a maldade de um homem que utiliza o vento como carrasco, com a magia do Bosque. São de realçar os detalhes fantásticos como a música feita propositadamente pelo vento usando o bosque como instrumento.
Este livro belíssimo, carregado de elementos fantásticos e até inocentes, contrasta com O Deserto dos Tártaros, um livro que gostei igualmente, mas que é implacável. Livro mais sólido e menos imaginativo, centra-se num homem destacado para um forte que se mente a si próprio quanto à data em que será substituído, criando gosto pela rotina, e abrindo espaço para um diálogo mais introspectivo.
Se O Segredo do Bosque Velho e O Deserto dos Tártaros são histórias bastante diferentes, o mesmo se pode dizer de O Grande Retrato, uma história que se pode enquadrar na ficção científica, que apresenta um projecto em curso num local ermo (mas suficientemente perto de uma aldeia para gerar rumores) em que se cria um computador capaz de recolher dados do que o rodeia, com base em sensores que mimetizam os cinco sentidos.
Projecto interessante, não fosse o computador ter personalidade, mais especificamente o da mulher de um dos cientistas, fútil e caprichosa. Esta personalidade é incongruente com o objectivo para o qual foi construído, e gera lentamente um fantasmas tenebroso.
Os sete mensageiros, Pânico no Scala e A Derrocada da Baliverna constituem três compilações de contos que não apreciei na sua totalidade – alguns contos não me parecem histórias fechadas. Ainda assim possuem histórias memoráveis, com elementos fantásticos que se centram bastante no destino.
14 – Shirley Jackson
A verdade é que li muito pouco desta autora. Para além do livro Sempre vivemos no castelo, li o The Lottery, um conto distópico brutal que me reavivou a memória do livro. Mais recentemente, recordei esta autora, com o destaque na última edição da revista Bang!.
O livro é excepcional, contendo fortes traços de malvadez, fobia e solidão. A história centra-se numa rapariga que vive no casarão da família, outrora enorme, mas da qual só restam três elementos: ela própria, a irmã e um tio. Encarregue de todas as tarefas e responsabilidades, é recebida na aldeia com olhares de soslaio e desconfiados nas suas custosas visitas.
A forma como desapareceu a família, ou as razões pelas quais a rapariga é assim recebida desconhecemos no início. A acção centra-se no ponto de vista da rapariga que vai sendo cada vez mais reclusa da casa, por sua própria iniciativa (ou fobia) e cujos pensamentos são pouco lineares e agradáveis.
Já o conto distópico consegue arrastar-se em detalhes de um ritual anual sem aborrecer o leitor, já que nos é dada uma perspectiva de mero observador, desconhecendo o que se encontra por detrás do nervosismo de algumas personagens. A tensão aumenta ao longo do conto, para terminar de uma forma brutal e horripilante.
Eis uma autora da qual ainda não li tudo o que existe publicado e que espero explorar nos próximos tempos.
One comment