Começo por avisar que ainda não li Fun Home, o livro pelo qual é mais conhecida a autora Alison Bechdel. Este encontrava-se nalgumas listas de melhores leituras, pelo que resolvi lê-lo primeiro.

A história

Esta banda desenhada é uma história autobiográfica em que a autora descreve as dificuldades em crescer numa suposta família tradicional, sendo que ela aspirava a algumas diferenças fundamentais – diferenças que não eram muito bem vistas numa jovem rapariga. Para além de não gostar de roupas muito femininas, Alison era obcecada por actividades desportivas.

Crítica

A autora nasceu numa época de baixa sensibilidade para as questões Queer – uma época em que os relacionamentos se esperavam tradicionais e potenciais “desvios” deviam ser escondidos. Esta mentalidade marca Alison de várias formas. Por um lado, percebemos que o casamento dos pais não funciona da forma esperada. Ou pelo menos da forma que a sociedade espera. Por sua vez, Alison não é uma jovem muito feminina e afasta-se dos elementos que tradicionalmente se associam às mulheres, tanto em actividades como em roupas.

No que respeita actividades, Alison parece obcecada em experimentar o completo potencial do seu corpo, alinhando em actividades mais arriscadas, e esforçando-se nos vários limites, ao longo de toda a sua vida. Existem, claro, momentos em que se vai sentir traída pelo seu próprio corpo – seja por lesões, seja porque a sua força não se desenvolve tanto quanto desejaria.

Tendo crescido na época errada, as actividades desportivas de Alison são mal vistas pela família e por quem a vai conhecendo. Até que se descobre a si própria e vai encontrando pessoas que conseguem partilhar algumas das suas vivências.

Ainda que o livro pareça centrar-se na actidade física, esta parece ser apenas uma forma para a autora ir explorando, em linha de fundo, a sua vida, os seus relacionamentos familiares, e, finalmente, os seus relacionamentos amorosos, bem como a forma como se vai aceitando a si própria e conhecendo cada vez mais. Estas perspectivas são normalmente impregnadas por um ligeiro bom humor, que, não sendo cómico, aligeiram alguns episódios.

Conclusão

The Secret of Superhuman Strength é um livro muito pessoal de Alison Bechdel, onde explora a relação com a actividade física, usando-a para falar de vários outros aspectos nos quais não se enquadrava na sociedade.