A mitologia greco-romana sempre foi dos meus temas favoritos. Os deuses do Olimpo tecem intrigas quase humanas, distinguindo-se apenas pela dimensão dos seus actos, exacerbados pelos diversos poderes que possuem. Os castigos para os humanos que cruzam o seu caminho são épicos, mas as suas acções parecem as de uma novela da noite.

Lore Olympus parece pegar nas personagens mitológicos para criar histórias mais actuais, utilizando, claro, os seus poderes e características fundamentais. Apesar desta série parecer ser destinada a um público mais jovem, senti alguma curiosidade.

A história

Perséfone chega ao Olimpo desconhecendo como os deuses agem ou interagem. Demasiado protegida pela mãe, que até acesso a um telemóvel lhe nega, Perséfone é demasiado ingénua e crente. Quando alguém compara a sua beleza com a Deusa Afrodite, sabemos que tal comparação terá consequências. Sem dúvida. Entorpecida pelo efeito da bebida, é colocada no carro de Hades para criar um episódio desagradável.

O que vai acontecer é um pouco diferente. Hades é surpreso pela presença de Perséfone, mas comporta-se como um cavalheiro, deixando-a pernoitar em sua casa e oferecendo-lhe agasalhos. Já Perséfone conhece um lado diferente do negro Hades.

Crítica

Confirma-se que esta banda desenhada se destina a um público mais jovem, mas entre mensagens de telemóvel e encontros em bailes, pouco parece existir dos poderes ou características dos Deuses, sendo os seus nomes usados mais para definir algumas características de personalidade ou para mostrar um local distante dos humanos.

As interacções são, na sua maioria, ocas e superficiais. O objectivo da narrativa é solto e pouco definido. O resultado é pouco interessante e pouco traz para além da sinopse. Algumas acções são condenáveis e só a Deusa Afrodite parece agir como uma Deusa do Olimpo. O resultado é, no mínimo, estranho.

Ultrapassando a narrativa pouco interessante, fica o que mais se destaca neste livro – o visual. As cores são poucas e escolhidas a dedo, mas funcionam bem em destacar silhuetas e realçar determinados elementos. Tal como em Let’s Play existe um imenso espaço em branco entre os quadrados, mas este espaço é usado de uma forma mais elegante, fazendo com que a organização da página seja mais agradável à vista.

Os desenhos são fabulosos, apesar do pouco detalhe do espaço onde as personagens se encontram. Infelizmente, o tipo de papel usado não ajuda a destacar a beleza das ilustrações, dando-lhe um aspecto mais baço do que merecem.

Conclusão

Do ponto de vista narrativo, Contos do Olimpo foi dos volumes mais fracos que li, mesmo comparando com outras leituras mais juvenis ou destinadas a um público de jovem adulto. Destaca-se, no entanto, no visual com as imagens que jogam com sombras, luzes e focos.