Bloom faz parte da recente onda de banda desenhada LGBTQ+ e young adult a ser publicada em português. Ainda que algumas publicações sejam fraquitas, outras são bastante interessantes, com uma boa cadência narrativa – é o caso desta que, para além de apresentar um romance de Verão, se centra em temas como a descoberta do adolescente sobre si mesmo.

Ari é um jovem rapaz que visa trilhar o seu próprio caminho, pretendendo afastar-se do negócio da família. Para tal, deve encontrar alguém que o substitua, enquanto se muda para fora de casa, com um grupo de amigos com o qual tem, também, uma banda. Mas nem tudo há-de correr enquanto planeado.

Bloom aborda, para além da afirmação da sexualidade, o caminho de auto-descoberta próprio da adolescência. Ari pretende perceber do que gosta e quem é, e para tal, precisa de se afastar (ou assim acha) dos seus pais. Ari pretende afastar-se da pressão de seguir um determinado percurso – vertente que os pais até compreendem, mas nem sempre tomam a sério.

O resultado é uma história bem construída e fluída, relaxada, mas também bem desenvolvida e construtiva. A história consegue captar o interesse pelas personagens, sobretudo as principais, sendo um relato maduro com dramas bem posicionados, mas que, em termos de narrativa, têm uma dimensão controlada e com um papel claro na progressão da história.

O livro investe algum tempo inicial apresentando-nos as personagens, fazendo-nos perceber como estão em termos emocionais e de objectivos de vida. Após esta criação de empatia, vão existindo momentos que nos mostram como estas personagens agem e quem são – momentos estes que são bons a mostrar outro nível no retrato psicológico.

Claro que vão existir conflitos, seja porque os objectivos das várias personagens não se alinham, seja porque surgem contratempos. Estes conflitos não são apresentados como grandes dramas, mas como entendimentos e desentendimentos que, até podem provocar o afastamento, mas que não são discutidos ad nauseum, antes resolvidos com maturidade.

Esta forma de apresentar as personagens, bem como a forma como a narrativa é desenvolvida, fazem com que Bloom seja uma leitura interessante e envolvente, uma leitura agradável de Verão, recomendada a todos os que gostam de histórias relaxadas, mas carregadas de empatia.