Este volume foi publicado na colecção Tsusu da editora Devir Brasil. Tanto quanto percebi, e investiguei, não foi publicado em Portugal. O volume contém, para além da história que dá nome ao volume, vários dos contos que foram publicados em Portugal na colectânea Best of Best.
A história começa por nos mostrar um casal de namorados que foi passar umas férias na casa de um familiar à beira mar. No seguimento de um mergulho que poderia ter tido um resultado trágico, o casal desentende-se. Mas a zanga irá, rapidamente perder a importância, quando são confrontados com um peixe com pernas metálicas que se locomove em terra. De cheiro nauseabundo, o peixe persegue-os. Será o primeiro de muitas outras criaturas que saem do Oceano.
Afastando-se da zona marinha, e já na cidade, Tadashi procura a namorada. A reconciliação não será como espera, principalmente quando se depara com novos monstros marinhos de pernas metálicas que parecem estar agora a invadir a cidade.



A história distingue-se das que li anteriormente do autor por apresentar uma criatura com explicação científica (ou tentativa, pelo menos), num desenrolar que pode ser descrito como ficção científica de horror. Existem, também, alguns detalhes sobrenaturais, mas estes são escassos e são apresentados quase como normais no contexto.
A abordagem narrativa opta quase sempre por uma solução nojenta. Desde o início que a característica mais relevante destes seres é o cheiro que se sente a milhas e antecipa todas as cenas de confronto. E por um bom motivo, dado que sob as pernas poderão estar organismos ainda vivos que são usados para criar gases de putrefacção, ou restos de seres que são degradados até à exaustão.



Neste seguimento, são constantes as referências à degradação, aos gases nauseabundos, ao enjoo e aos vómitos. Elementos que, numa fase inicial as personagens tentam combater com limpeza adicional, mas sem resultado.
Em termos de personagens, as interacções nem sempre estão bem conseguidas. A história centra-se na perspectiva do casal, mas de alguma forma a perspectiva é meio disfuncional. Ela é percepcionada como uma personagem pouco lógica ou compreensível, com humor flutuante que se afasta com base em caprichos. Já ele, é demasiado naive, uma personagem que é arrastada pelas circunstâncias, apesar de se mostrar corajoso ao tentar salvar a namorada. Para além desde duo, destaca-se o tio cientista e a sua assistente, ambas as personagens algo estereotipadas nas suas funções e personalidades.



Não sendo fabuloso, Gyo é uma leitura fluída e carregada de acção que poderia ser comparada a filmes de horror como Sharkonados ou afins. O elemento de horror tem uma tentativa de explicação científica (que coloca mais questões do que resolve) e proporciona os episódios de acção, com foco nas constantes perseguições a seres humanos. As interacções são simplificadas e nem sempre lógicas, mas dada a velocidade narrativa, são percepcionadas como acessórias. Gyo é, em suma, uma história mais fraca do que outras que li do mesmo autor.
