Este é o segundo volume do selo Mario Breathes Comics, uma série de pequenos livros, com autoria de Mário Freitas, lançada na editora Kingpin books. O primeiro volume recorreu à IA para a ilustração intitulando-se A Polaroid em branco. O terceiro, Vinil Rubro, apresenta desenhos de Alice Prestes e um tema mais introspectivo. Este segundo é, até ao momento, o meu favorito.

Há quem queira que a luz apague transmite, quer no título, quer na narrativa, a ideia de que há quem queira acabar com a originalidade e a produção artística, optando-se pelos cinzentos na vida, pelo restringir a um quotidiano de trabalho e de estupidificação. 

De forma a desenvolver esta ideia, a história leva-nos a um futuro próximo, a uma sociedade distópica onde os humoristas são vistos como terroristas e perseguidos. As personagens principais são, nada mais, nada menos, do que dois autores conhecidos de banda desenhada de humor, Derradé e Álvaro, captando-se bem o estilo de cada um deles nestas páginas.

O resultado é cómico, caricato e divertido, apresentando sarcasmo e ironia, enquanto desenvolve uma história peculiar e futurística. O visual, pela mão de Derradé expressa bem estas características, que se cria a ele próprio como personagem, um resistente nesta distopia de imposta seriedade.

Há quem queira que a luz se apague é uma leitura divertida, que julgo que melhor será percebida por quem conheça os autores. O desenvolvimento tem o grande defeito de se fazer apenas em 16 páginas, quebrando uma ideia com potencial para original algo mais grandioso. Na prática, gostaria de ter visto esta ideia mais desenvolvida – até porque me diverti bastante a ler este pequeno livro.