Nem sempre leio as sinopses antes de pegar num livro, principalmente quando é de um autor que conheço. Noutros casos, leio aquando da aquisição, mas rapidamente me esqueço dos detalhes. Neste caso, Rucka é o autor de Stumptown, uma série que adorei e ainda bem que comecei a ler sem expectativas – fui agradavelmente surpreendida.
A premissa não é totalmente nova, focando-se em seres humanos que, de alguma forma, se tornam imortais. Como ou porquê, não se sabe, mas de quando em quando, um novo ser humano se descobre imortal. Nessa altura, os restantes passam a sonhar com ele até o encontrarem, mostrando-lhe as novas capacidades de regeneração e indicando-lhe que se deverá afastar da família para a proteger.



Neste caso, o grupo de quase imortais forma um grupo armado que aceita missões militares – como por exemplo para salvar reféns. No entanto, desta vez, a missão é um engodo, servindo como forma de os atrair e de mostrarem as suas habilidades.
O foco em personagens imortais ou de elevada longevidade (neste caso, de séculos) não é novo, apresentando estas narrativas muitas vezes, algum cinismo perante a vida e os relacionamentos humanos. É algo que iremos encontrar também em A Velha Guarda, onde somos confrontados com uma narrativa amargada em que a personagens já perderam o brilha pela vida – seja a própria, seja a dos outros.



Para além do cinismo e perspectiva cáustica, esta narrativa surpreende pela combinação com as missões quase miliares, apresentando a forma como estas personagens se agrupam para realizar um determinado objectivo. Esta premissa permite apresentar vários momentos violentos e várias mortes, destacando-se pela sobrevivência dos seres humanos especiais que recuperam até das lesões mais horripilantes.
Ultrapassando a novidade da combinação (imortalidade com missões militares) a série não traz muito de novo, mas cativa pelo cinismo, densidade de episódios de acção e por conseguir surpreender com algumas interacções. É uma leitura movimentada de entretenimento que me convenceu.



