
Autor de maravilhas fantásticas como I Hate Fairyland, Twig ou Middlewest, Skottie Young lançou aqui há uns anitos um livro de título curioso, que, de alguma forma, deixei na wishlist durante algum tempo. Eis que chegou a vez de ser encomendado e lido. O que encontrei foge um pouco às narrativas referidas anteriormente, optando por caminhos mais negros, até de horror.
Ro, uma jovem artista, procura uma casa numa localização afastada da sua habitual rotina, com o intuito de produzir uma nova colecção de quadros. A casa que escolhe estará assombrada. Ou assim lhe diz a agência. Ro, muda-se mesmo assim, crente de que este será o factor distintivo que provocará uma explosão criativa.



E não se engana. A casa está efectivamente habitada por algo, uma presença masculina apaixonante, que a cativa e envolve, desenvolvendo-se um relacionamento obsessivo, que, com a progressão produz mais do que uma colecção de arte inovadora.
O que começa como algo ligeiro e encantador, carregado de romance e mistério, torna-se uma história de abuso, que começa por limitar as liberdades físicas e prossegue para abuso psicológico e extremos de violência – até com estranhos.



Esta progressão recorda os “tradicionais” relacionamentos abusivos, que começam como sendo maravilhosos. Efectivamente, este relacionamento parece tudo o que a jovem precisa, levando-a a um novo patamar artístico enquanto o monstro de mantém nas sombras. Até ao momento em que se revela e a situação escala rapidamente.
Carregado de referências a vários filmes de ficção especulativa e clássicos, The Me You Love in the Dark entrega uma narrativa que possui uma aura familiar, apesar de misturar romance e horror. A narrativa é linear centrada na jovem artista, mas com pouca exploração do seu passado ou da origem do monstro, sem apresentar derivações ou explorações paralelas que poderiam ter fortalecido a narrativa e criado envolvência.



Em termos de tema, Skottie Young parece rondar os temas fantásticos, usando-os para explorar relacções conflituosas. Em Bully Wars apresentam-se relacionamentos conflituosos com colegas, Middlewest explora um relacionamento abusivo com o pai e este prossegue explorando a parte romântica, ainda que de forma mais directa e concisa.
O resultado é uma leitura agradável, relativamente simples e directa, que, apesar da aura de familiaridade, não faz nada de muito novo ou envolvente. Destaca-se pela parte visual, mas não sei se ficará na minha memória.