Recomendado por Derradé, atraiu-me pela temática e pelo aspecto estranho. A história é nitidamente de horror com contornos victorianos, apresentando alguns detalhes que são expectáveis em histórias deste género e outros elementos que são diferentes do usual.
A história centra-se numa jovem, agora adulta, que regressa à casa de família. A memória fragmentada fazem com que existam detalhes que apenas se vai recordando conforme se vai deparando com elementos do seu passado, fazendo com que as interacções sejam, no mínimo, estranhas. Quando tem um acidente e o carro fica empanado na estrada, não tem outro remédio senão cortar caminho pela densa floresta, onde reencontra o irmão. De forma esperada, esta floresta, sombria de aspecto, esconde monstros e fenómenos.



Já perto da degradada mansão familiar, depara-se com um funeral onde estão presentes todos os funcionários. Curiosamente, ninguém interage com o irmão que a acompanha, mas todos a recebem bem, recordando-se pequenos episódios anteriores. De encontro em encontro (ou desencontro) a personagem vai recuperando detalhes do seu passado que explicam a degradação da mansão e a permanência do pessoal, misturando passado com futuro – detalhes que se revelam, quase sempre, horrendos.
A história vai apresentando contornos cada vez mais suspeitos, com estranhas criaturas mutantes, e humanos que dizem e fazem coisas sem sentido – pelo menos aparentemente, e até possuirmos alguns detalhes. Pelo meio, existem cientistas loucos que fazem experiências perigosas, e aparições fantasmagóricas no limite da realidade, que nos deixam na dúvida entre representação sobrenatural ou consequência demente.



Ambos elementos usuais nas histórias de contornos victorianos, onde o ser humano começa a apresentar uma postura mais científica para o que a rodeia, desenvolvendo-se várias narrativas onde esta tentativa de controlo e de conhecimento se revela catastrófica, levando a corrupção e degradação. É o caso de Dimwood, onde os fungos vão exercer um papel central na narrativa.
Apesar de ter apreciado a história, de contornos clássicos, que usa elementos naturais e sobrenaturais para tecer os contornos de horror, o aspecto visual não encaixa totalmente no meu gosto, sobretudo pelo aspecto tosco – ainda que seja competente em criar o ambiente fascinante e grotesco de forma pouco tradicional. Ainda assim, foi uma história que me ficou na memória, que apreciei e que aconselho.



