Vencedor do prémio World Fantasy, e nomeado para os mais conhecidos prémios do género, Little, Big, de John Crowley é, sem dúvida, uma obra monstruosa, quer em tamanho, quer em qualidade. Iniciando-se com uma história de amor, acompanha uma família ao longo de várias gerações cuja existência está interligada com o reino das fadas, de uma forma subtil.
Amores destinados, amores proibidos ou simplesmente, amores incompreendidos – ao longo da história, assistimos a tudo isto, não da forma trágica de uma novela, antes acontecimentos que vão marcando a vida das diferentes personagens, com as quais acabamos por simpatizar.
O palco de todo este enredo é uma casa, ou melhor, uma casa de casas, um aglomerado de vários estilos onde o espaço ganha dimensões inimagináveis pela forma como se interligam as várias áreas, e o tempo parece encolher ou esticar, podendo levar a que algumas pessoas se percam por longas horas.
As fadas, essas, são quase imperceptíveis, presenças fantasmagóricas que acompanham o dia-a-dia da família, intervindo raramente para que a história se desenrole de acordo com o que pretendem, concedendo papéis a cada um dos familiares – uma truta antiga concede a um jovem o dom de seduzir todas as jovens da terra, a fim de espalhar a sua semente, a troco de um baralho de cartas que revela detalhes sobre o futuro de cada um dos familiares.
Arrepiante pela enormidade, Little, Big apresenta-nos um enredo bem montado que se desenvolve devagar, obrigando o leitor a uma leitura pausada mas apaixonante. Subtil nas manifestações fantásticas, Little, Big tem bastante mais para oferecer ao leitor do que se espera no início, envolvendo o leitor sem que este se aperceba. Sem dúvida, excelente.
Em português podemos encontrar uma única obra do autor, O Manuscrito Perdido de Lord Byron, publicado pela Saída de Emergência.
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