Esta terceira sessão terá sido uma das mais animadas, tanto pelas convidadas, mais faladoras, como pela participação do público, conhecedor de livros relacionados, também estes esquecidos ou em perigo de esquecimento. A sessão iniciou-se com recordação, por Irene Pimentel, de A Convidada de Simone de Beauvoir, o primeiro livro da autora que estará no momento quase esgotado.
Seguiu-se a referência aos livros de Maria Grabriela Llansol, autora que, confesso, nunca ouvi falar. Efectivamente as buscas por alguns dos maiores sites livrescos retornam sem registos, mas tal não é o caso da FNAC (estranhe-se). Eis um que me pareceu curioso, O Livro das Comunidades (não foi este que foi “lembrado”):
«Repare-se que o texto começa como qualquer lenda das que se ouvem na infância dos indivíduos e dos povos – «nesse lugar havia uma mulher…» – mas pouco depois temos cortes na narrativa, risos, frases, inacabadas, a confusão de vozes e tipos de discurso. É suposto que as lendas contenham uma lição clara, mas aqui essa clareza é substituída pela «energia das imagens» que garante a perpetuação do secreto como potência transformadora. É na sua irredutibilidade à decifração que o texto se aproxima por vezes de imagens da tradição – o cavalo Pégaso, um verso de Fernando Pessoa, a alusão ao milagre das rosas ou às cantigas de amigo.» Do Posfácio de Silvina Rodrigues Lopes
Mas estou apenas no início. Seguiram-se as referências a Voltaire, mais propriamente a O Poema sobre o Desastre de Lisboa, um pequeno livro publicado em edição bilingue e traduzido por Vasco Graça Moura; e a Leibniz com Monodadologia. E eis que se faz uma pausa para ouvir passagens de Cancioneiro Policial da menina Alzira, de Luís Costa e Sousa, um livro em torno de um detective em tom conciso ao qual não falta alguma ironia, uma entrada directa para a lista de próximas aquisições.
Com a referência a Viagem ao Destino de Alfred Doblin é-nos apresentada a cidade de Lisboa numa outra época, pelos olhos de um estrangeiro fugido à guerra. Segue-se novamente referências a autores que desconhecia totalmente, como Grabato Dias, Rodrigues Migueis ou Clarice Lispector, constatando-se a total ausência de edições disponíveis no mercado.
Entre intervenções de quem estava na audiência, a sessão terminou relembrando A história começa na Suméria, Diário de Guerra aos Porcos de Adolfo Bioy Casares e As lojas de canela de Bruno Schulz.