Há algum tempo que não pegava nesta extensa série de banda desenhada. Para quem não conhece o conceito, podem pensar um pouco na série Once Upon a Time. Os reinos mágicos foram conquistados por um poderoso e negro Imperador, que levou à fuga de grande parte das personagens fantásticas que conhecemos dos contos de fadas. Neste caso as personagens sabem o que eram antes, e encontram-se agora no nosso mundo, divididas entre vida citadina e a vida no campo, esta segunda obrigatória para os que não conseguem manter aparência humana.
O príncipe dos contos é um cabrãozinho machista e narcisista, um homem que foi casando e desiludindo várias princesas. Já o Lobo Mau foi o xerife, uma personagem dura que afinal é o homem quase perfeito de qualquer história romântica. As raparigas dos contos não são exactamente as figuras puras e singelas que conhecemos, havendo diversos casos depravados de traições. Anterior à série de premissa semelhante, apresenta uma versão bastante menos inocente onde a luta contra as forças do mal é lenta e quase sempre infrutífera.
Este volume apresenta, genericamente, duas histórias de desenvolvimento, visual e objectivos bastante diferentes. A primeira é a fuga de Jack, que irá dar origem à série spin-off Jack the Fables – o rapaz que subiu ao feijoeiro para enfrentar gigantes foge da comunidade encantada depois de um avultado roubo, para fundar uma empresa em Hollywood onde se produzem os filmes que contam a sua vida.
O objectivo principal é facilmente percebido – o poder mágico das personagens tem origem no quanto são conhecidas e adoradas pelas pessoas do nosso mundo, e a criação de uma trilogia épica irá assegurar a sobrevivência do próprio Jack. No final consegue fugir e nunca mais será visto pela comunidade, partindo em aventuras que irão dar origem à série dedicada a esta personagem trafulha.
A segunda parte é bastante mais interessante, quer em termos visuais, quer em história. Boy Blue é o herói desta componente, uma personagem que assume, na comunidade uma profissão de escritório mas que, nas terras encantadas, era um temido guerreiro. Cansado das batalhas, escolhe no nosso mundo, um papel mais calmo que, infelizmente, não pode manter.
Levando consigo diversos objectos mágicos, Boy Blue defronta diversos seres mágicos com sucesso, matando temidos cavaleiros e governantes, com um único objectivo – enfrentar o Grande Imperador. De mundo mágico em mundo mágico, lá chega à capital onde se revela e corta em dois a temida personagem. Apenas para ser capturado e perceber que o gigante mais não é que um boneco nas mãos de quem verdadeiramente governa.
Simultaneamente, no nosso mundo, a comunidade desmascara um poderoso espião, uma das personagens mais respeitadas e adoradas da comunidade que não teve escolha senão enviar informações confidenciais para o seu antigo rei, agora ao serviço do Imperador.
Este volume revela bastante da origem do Império, mostrando como este terá começado cheio de boas intenções, e avançado lentamente como um mal menor – uma duvidosa boa acção que, perpetuada, terá posto fim à paz nas terras encantadas. A missão de Boy Blue poderá não ter resultado como ele pretendia, mas ainda assim reuniu importantes informações para que a comunidade no nosso mundo mantenha a esperança.
Se por um lado o intercalar de estilos pode ser um ponto positivo, neste volume a diferença entre as duas histórias é demasiada. A primeira é quase mundana e poderia envolver qualquer outro burlão do nosso mundo, pouco acrescentando o facto de se centrar numa personagem mágica. Já a segunda possui episódios bastante interessantes com detalhes cómicos que aligeiram o peso das batalhas sucessivas, entrando mais no espírito mágico que se espera nesta série.
Não estando nos patamares de excelência de outras séries que li recentemente, possui uma divertida aventura com várias reviravoltas interessantes que dão, às personagens envolvidas, uma densidade inesperada – os vilões são afinal aqueles que diríamos mais inocentes e bondosos, consequência das circunstâncias e do rancor acumulado.
Oh pah adoro estas Bds 🙂 mas ainda só li o primeiro 😦
maryredhair.blogspot.com
🙂 eu vou no sexto – já cá tenho até ao 14 para ler. Até agora está a ser muito gira. Tanto que me causou alguma desilusão a adapatação da série Once Upon a Time (que é independente, eu sei, mas a ideia é parecida – as personagens das fábulas mudam-se para o nosso mundo).