Eis um álbum visualmente brutal! A cada página aparecem figuras detalhadas, composições complexas com detalhes exóticos, pedaços de lendas e mitologias diversas misturados com elementos mais actuais e pequenos comentários cínicos ou políticos. O resultado é uma história forte e coesa que precisa de uma leitura lenta para se poderem apreciar as imagens.
O macaco de pedra, nascido de um ovo, resultado do cruzamentos de elementos essenciais, reina num paraíso eterno onde os habitantes se dedicam a festins constantes, festejando a vida por todas as possibilidades de prazer que se lhes apresentam.
Mas o macaco é irrequieto, não lhe basta a vida que possui. Ao sentir a possibilidade e envelhecer parte para descobrir o segredo da vida eterna e assim poder usufruir do paraíso por tempo indeterminado. Depois de perceber que, entre os restantes alunos, grassa a inveja e a malícia, tendo já descoberto o que pretendia, regressa o macaco – mas por pouco tempo. Novos objectivos acordam na sua mente irrequieta, procurando fama e glória.
O macaco descobre as missões quase impossíveis, desenhadas para fracassar, e descobre os cargos atribuídos para que os que os ocupam nada façam, ou para que o que façam seja irrelevante, meramente decorativo, um emprego de fachada para manter por perto determinados indivíduos.
Não faltam, portanto, os comentários políticos e religiosos, as insinuações fálicas ou a observação do decadente comportamento humano – tudo pela perspectiva do impetuoso, irrequieto e travesso macaco que parte do paraíso para o poder usufruir eternamente, ainda que seja a sua ausência que facilita a transformação do próprio paraíso.