O Legado de Júpiter foi uma das novas apostas da G Floy para 2018, tendo publicado os dois primeiros volumes desta série nesse ano. Neste segundo volume prossegue-se com a luta entre super heróis. Se, inicialmente, estes seres humanos com poderes se apresentam como uma unidade coesa, que age coordenadamente para bem da humanidade, com o tempo aguçam-se rivalidades e frustrações, mas também falsas percepções de uma superioridade intelectual e moral.
Já os filhos destes super heróis agem como estrelas pop, caprichosos e com vícios, seja porque não correspondem às elevadas expectativas dos pais, seja como resultado de toda a atenção que recebem. Percebe-se assim que, apesar dos super poderes, os heróis continuam a ser humanos, com todos os defeitos típicos da humanidade, mas mais destruidores por serem exacerbados pelos poderes – os poderes não só não conferem maiores capacidades intelectuais, como fazem com que as quezílias tenham maiores consequências, sobretudo para os comuns mortais.
Julgando-se perfeitos e capazes de comandar a humanidade, tomam o poder, instalando uma ditadura – uma ditadura pautada pela crença, destes super heróis, em serem moral e intelectualmente superiores. Mas a instalação desta ditadura é fracturante entre os super – sucedem-se pequenas batalhas e homicídios que fazem com que alguns se escondam, assumindo identidades banais entre os restantes humanos.
Obrigados a esconder as suas capacidades, frustrados por esta existência limitadora, estes super acumulam frustração que se tornará em vontade de quebrar o sistema implementado e em capacidade de enfrentar quem detém o poder – algo que chegará a seu tempo e proporcionará episódios de míticas batalhas.
Neste segundo volume a sede de poder e a noção de superioridade levam à desvalorização da vida dos restantes e à proliferação de manias e psicopatias. O resultado é o livro assassínio – inicialmente por um bem maior, mas com a progressão da história, apenas por vontade pessoal.
Contrariando vários elementos nas histórias de humanóides com super poderes, a série demonstra como estes humanos continuam a ter todos os problemas psicológicos e relacionais dos restantes, com consequências agudizadas pela sua exposição social e pela suposta superioridade intelectual. É, desta forma, uma leitura bastante interessante que apresenta várias perspectivas em diferentes linhas narrativas.
A série O Legado de Júpiter é publicada em Portugal pela G Floy.