Este Drácula, publicado recentemente no mercado nacional pela editora A Seita, é uma adaptação directa do romance de Bram Stoker com o mesmo nome – algo que tinha muito por onde correr mal, mas que foi executado de forma visualmente sublime.

A história

Li o original há mais de 15 anos. É uma história tensa que vai construindo os detalhes de horror passo a passo. A história começa como uma “mera” viagem de negócios por Jonathan. No entanto, a ida a um novo país passa de promissora a sombria em poucas páginas – chegado à Transilvânia, encontra um país invernoso, carregado de pessoas desconfiadas e lobos nas florestas. Este início, que concede à narrativa um tom gélido e desconfortante, prossegue para horrores sucessivos, quando Jonathan se instala no castelo decrépito do seu cliente.

Em paralelo acompanhamos a noiva de Jonathan, Mina, em Inglaterra, e a melhor amiga, Lucy, prestes a casar. Mina sente a falta do noivo e estranha a falta de correspondência, enquanto a amiga, mais alegre, escolhe o noivo entre os pretendentes. Mas Lucy começa a apresentar um estranho comportamento, uma doença não identificada que lhe provoca febres e sonambulismo.

Crítica

Para quem conhece o texto, a narrativa deste livro não traz nada de novo. Encontramos as mesmas passagens ao longo do livro, acompanhando os desenhos. Apesar desta utilização do texto original, a maioria das páginas encontram-se bem balanceadas com os desenhos de Georges Bess.

E é sobretudo neste ponto, o visual, que reside a mais valia deste livro – os desenhos não se limitam a ilustrar o romance, mas concedem o seu próprio traço sombrio, materializando as cenas descritas no livro ao mesmo tempo que lhe conferem um tom mais impressionante.

Os desenhos ultrapassam muitas vezes a apresentação quadrada mais tradicional, sobrepondo visões com cenários reais, diferentes planos, ou destacando expressões. Algumas páginas apresentam-se mais estilizadas usando a força do preto e branco para transpor um resultado mais brutal.

Conclusão

Apesar de ter gostado bastante do original de Bram Stoker, é um texto denso que poderá não ser apreciado por todos os leitores. Aqui encontramos o intercalar do texto com o desenho, que lhe dá uma dimensão visual impressionante. A reinterpretação visual das personagens por Georges Bess é muito boa, fazendo com que este volume seja imprescindível pelos fãs do género de horror.