
Eis uma premissa simples que só poderia resultar numa narrativa fraca mas num visual estrondoso – em God is Dead os deuses das várias religiões aparecem na Terra para reclamar a sua devida adoração entre os humanos. Deuses egípcios, gregos, incas ou chineses. Os humanos que não se convertem vão entrando em guerra com os deuses, enquanto os próprios deuses entram em conflito por território.

Mísseis e aviões são atirados contra os deuses, mas sem grande sucesso. Seja porque as armas deveriam ser escolhidas de acordo com os poderes de cada Deus, seja simplesmente porque os deuses possuem demasiada força. Mas um grupo de humanos junta-se (entre eles uma personagem que recorda o Stephen Hawking) para tentar eliminar os deuses – nem que seja transformando-se, eles próprios, nas criaturas que querem destruir.

Em termos narrativos é fraco. A caracterização de personagens é diminuta, os seus relacionamentos soam a falso (estabelecendo-se mais por capricho narrativo do que por verdadeira parceria) e os diálogos apresentados pelos deuses são simples em objectivo e composição. A narrativa é movida a custo de sucessivas lutas e batalhas, sem grande explicação para além da inicial.

Já em termos visuais, vai oscilando. Algumas páginas possuem personagens em posições estranhas e anatomicamente pouco correctas. Outras aproveitam a premissa para entregar páginas de cores fortes e criaturas mitológicas em contextos que, de outra forma, seriam impossíveis.

Confesso que, com esta premissa não estava à espera de algo excelente, mas julgo que a ideia poderia ter sido melhor aproveitada – talvez com maior caracterização dos deuses e das personagens principais, e talvez bastasse isso para dar algum interesse narrativo.