Depois da excelente e épica leitura de Bone, resolvi ler alguns dos spin-offs, como este Rose. A história decorre duas gerações antes, centrando-se na avó de Thorn, a famosa participante em corridas de vacas e contando os eventos que determinam a existência de criaturas rato no vale. Para quem conhece Bone é uma leitura interessante, mas questiono-me se, sozinha, poderá despertar o mesmo nível de interesse.

A história

(se ainda não leram Bone, a descrição da história pode ser um spoiler, dado que se passa duas gerações antes e parte do pressuposto de que alguns factos já são conhecidos do leitor)

Rose, a avó de Thorn é a personagem principal desta história. Enquanto princesa, Rose é preparada, conjuntamente com a sua irmã mais velha, Briar, para conseguir navegar nos sonhos e controlar este poder pesado no seu futuro. Ainda que Briar seja a irmã mais velha (e teoricamente devesse ser a escolhida na sucessão) a verdade é que todos gostam mais de Rose. Enquanto Briar é fria e calculista, para além de invejosa, Rose é mais inocente e dada, fazendo amigos por todos os locais por onde passa.

A história começa com as duas princesas a empreenderem uma viagem à Caverna do Homem Velho para fazerem os testes finais relativamente aos seus poderes. Mas quando lá chegam, os testes acabam por não ser o mais importante – até porque um dragão parece estar sobre a influência do Lorde dos Gafanhotos e tentará atacar uma das aldeias.

A narrativa

Uma das maiores diferenças entre Bone e Rose é o tom. Bone começa como uma história calma, com espaço para caracterizar personagens, tecer episódios cómicos e amorosos que nos ajudam a entrar na história e a criar empatia para com as personagens – algo necessário para termos outro nível de interesse para com os episódios de acção que se sucedem. Por seu lado, Rose é uma história carregada de urgências, sentindo-se, desde o início o crescente de tensão e perigo, sem espaço para momentos mais ligeiros, ainda que exista um duo de animais (de papel muito secundário) que têm algum (pouco) elemento cómico.

Rose é, também, uma história muito contida, explorando sobretudo a perspectiva de uma única personagem e tendo como objectivo muito claro, explicar alguns acontecimentos que vão ser determinantes para a história que encontramos em Bone. A história explica, também, o relacionamento entre o dragão e Rose – algo que não compreendemos totalmente na história principal.

Rose é uma história relativamente curta (cerca de 130 páginas, comparadas com as mais de 1000 de Bone) e bastante objectiva, aproveitando parte da empatia criada na história principal para prosseguir com bom ritmo. Ainda assim, percebe-se a diferença de postura das duas personagens femininas principais, tanto pelas acções e escolhas que tomam, como pela forma como conversam e se relacionam com os que as rodeiam.

O desenho

Ainda que a história tenha uma ilustração mais que aceitável (por parte de Charles Vess), é demasiado diferente do estilo de Bone – colorida (ao invés de preto e branco), menos expressiva e fofa, com um traço mais fino e menos realista. Apesar das cores, o original a preto e branco consegue ter mais textura e detalhe nos momentos em que tal é necessário.

Conclusão

Rose será mais adequado para quem já leu Bone, até porque se se ler Rose antes de Bone algumas das grandes revelações em Bone perderão o impacto devido. É uma leitura mais objectiva, mais tensa e mais acelerada que explica os acontecimentos anteriores, fornecendo alguns detalhes que, não sendo essenciais a Bone, ajudam a perceber o relacionamento entre algumas personagens. É, contudo, uma boa leitura, apenas inferior à aventura épica da história principal.