Jogos de luzes, contrastes de cinzentos com sangue e corpos musculados semi nus – sempre me recordo de ver a arte de Luis Royo em quadros épicos, sobretudo cenários fantásticos, por vezes com casais atraentes, outras com jovens mulheres em poses sedutoras. Sendo um livro de Luis Royo, este Dead Moon corresponde a estes elementos genéricos do artista, mas possui, também, muitas outras páginas com ilustrações mais contidas.

Apesar de publicado pela Norma Editorial, trata-se de uma história ilustrada e não de uma banda desenhada, pela mão de Royo. Dead Moon usa parcialmente o desaparecimento da cidade de Sodoma, como palco para tecer a repetição de um romance trágico, ao estilo Romeu e Julieta, colocando as duas personagens do casal inevitável, em cidades opostas que se guerreiam eternamente. A atracção de ambos é, pois, não só impossível, como incontornável e será este destino evidente o fio condutor da narrativa.

Em termos visuais, a história é acompanhada pelas imagens de Royo, onde se destacam, claro, os jogos de luzes, a nudez e o sangue. As personagens (principalmente as principais) parecem irradiar luz, mais evidente quando existem maiores parcelas de pele descoberta. O sangue é um complemento (devido à guerra) que fornece o maior contraste cromático, ajudando na percepção de romance inevitável mas fatal.

Tanto no visual, como na narrativa, destacam-se os elementos visuais. As personagens não só possuem feições orientais, como se vestem de forma exótica, recordando trajes mongóis ou japoneses. Adicionalmente, existem caracteres, também eles mais semelhantes às escritas orientais.

A narrativa possui, portanto, os clichés esperados para a sua premissa como a tentativa de afastamento das duas personagens que se consomem numa paixão impossível. Mas sob este desenvolver expectável encontramos vários elementos fantásticos, quase mágicos que permitem a criação de imagens fabulosas, sobretudo para os fãs do estilo de Royo.