A série I Hate Fairyland decorreu até 2018, tendo sido compilada em quatro volumes no tradicional formato TBP (ou num único volume em formato deluxe). A série teve algum sucesso e entretanto o autor publicou outras, também interessantes, como Twig, ou Middlewest, ambas fabulosas. Mas eis que, mais recentemente, retornou à I Hate Fairyland de duas formas – a progressão da história (com a publicação de mais revistas que se compilam neste quinto volume e num sexto programado para Janeiro de 2024) e Untold Tales of I Hate Fairyland (com o formato TBP programado para Fevereiro de 2024).

Claro que corri a comprar o quinto volume da série assim que o vi disponível. E não desapontou. A história prossegue, demonstrando como Gert, tendo retornado à sua realidade original como adulta, está pouco adaptada a conseguir sobreviver. Sem escolaridade ou competências adquiridas (que não sejam bater ou ameaçar alguém) Gert não consegue aguentar mais do que um dia em qualquer trabalho, por mais simples que seja.

Mas o seu passado na terra da fantasia há-de ser interessante para um milionário cujo filho foi levado a fazer uma missão nesse outro universo. Bem, o interesse não é só esse. Ou nem é principalmente esse. O milionário pretende criar um parque de diversões, estabelecendo uma via para esta terra mágica. E que melhor forma do que enviar alguém que já lá esteve e, consequentemente, poderá voltar a entrar? O caminho de retorno não é fácil. Gert deverá conseguir passar pelo infindável inferno – mas a perspicácia não é o forte de Gert, como já sabemos.

Este quinto volume retorna à série em grande força, apresentando Gert acompanhada por duas criaturas, enquanto tenta ultrapassar o Inferno e voltar à Fairyland. Os episódios continuam mirabolantes e idiotas, proporcionando o aspecto fundamental desta série – a diversão. Existem algumas caricaturas e comentários ou críticas à nossa sociedade, mas a maioria dos episódios são simplesmente exageros de aspectos que vemos em séries fantásticas mais sérias.

Gert é uma pessoa desadequada na sociedade, que as consultas médicas concluem ter problemas psicológicos. A vida não será fácil e os apoios serão escassos, e Gert vê-se obrigada a regressar a um mundo fantasioso. O empresário que lhe proporciona este encontro tem, nitidamente, um único pensamento em mente – o dinheiro; não se inibindo de por em risco a vida de outras pessoas com experiências duvidosas.

Asneiras, sexualidade e violência – apesar de ser uma história de teor fantástico, não é, decerto, uma história adequada a um público mais jovem. Entre a realidade e o mundo fantástico, a série flui de episódio de acção em episódio de acção (ou mais propriamente, violência). Gert não sabe resolver os impedimentos de outra forma e irá atacar tudo o que lhe aparece à frente, mesmo nas situações em que tal dificulta a progressão na missão.

A estadia anterior na terra fantástica tinha parado o crescimento da personagem principal, mas o retorno ao mundo real resolveu esse tema. Vemos agora Gert com um corpo de adulta, havendo portanto, a possibilidade de explorar a sexualidade da personagem e as suas fantasias. Ou alucinações.

A série I Hate Fairyland, com este quinto volume, continua mirabolante e divertida, sendo uma leitura extraordinária para quando não se quer pensar muito e se precisa de uns momentos de humor negro e caustico. O regresso com a personagem em corpo adulto proporcionou alguma variação em relação ao que tinha sido explorado nos volumes anteriores e estou curiosa por saber como irão progredir nos restantes volumes.