Dos mesmos autores de Indeh e The Lost Boy, a G floy lança este Meadowlark de aspecto curioso e descrição ainda mais intrigante – “Um policial de autodescoberta”. Vamos efectivamente acompanhar a passagem para a idade adulta de um jovem, mas também vamos assistir a uma violenta história de confronto entre polícias e criminosos.
Cooper é filho de pais separados. Como por vezes é habitual nesses casos, o envolvimento de ambos os progenitores não é equivalente. Talvez como forma de chamar à atenção, Cooper é um jovem que dá algum trabalho. Expulso da escola por posse de droga, acompanha o pai, que é guarda prisional, num dia de trabalho. Mas aquilo que deveria ser um dia como todos os outros rapidamente se transforma quando um grupo de presos se evade, resultando numa escalada de confrontos e mortes.



Meadowlark é uma história de confronto com responsabilidades. Por um lado, Cooper confronta-se com as consequências das suas acções e com a dureza da realidade que o envolve. Há, sem dúvida, coisas mais sérias e o caminho que segue pode levá-lo à prisão que agora visita como observador ao lado do pai. Por outro, o pai vive na suposta glória de um passado distante em que se distinguiria como boxer, não largando alguns elementos que representam essa época de juventude e de oportunidade.
As circunstâncias com que se vão deparar, no meio da violência da fuga de reclusos, leva-os a estreitar laços. Mas não só – no caso do pai, a confrontar escolhas do passado, e a tentar resolver conflitos interiores e exteriores.



Meadowlark é uma história pesada e movimentada onde se denota uma tensão crescente. A narrativa apresenta uma perspectiva quase cinematográfica, alternando o foco em conversas rápidas mas significativas e momentos de acção. O desenho apresenta-se em tons suaves, nem sempre com contorno, ou com contorno contido que destaca o essencial. Apesar das cores sépia, os desenhos são simultaneamente suaves no tom e fortes em detalhes.
O resultado é uma boa leitura, num visual bastante peculiar, uma história de redenção onde a tensão e a acção impõem o ritmo e a progressão. É uma narrativa com vários momentos violentos, que se foca no assumir de responsabilidade e na passagem para a idade adulta.



