O termo Apache pretende denominar um grupo de tribos nativas da América que viviam na zona sudoeste, sobretudo em altas montanhas, vales escondidos e profundos desfiladeiros que hoje correspondem ao Arizona, México, Texas e Colorado. Conhecidos pelo seu espírito guerreiro, os Apache enfrentaram os espanhóis, depois os mexicanos e, por último, o exército americano que os forçou a retirar para as reservas de índios.

Capazes de surpreender estrategicamente os seus adversários os Apache não eram, como indicam os tradicionais Western, apenas selvagens, sedentos do sangue do homem ocidental. Há que compreender que estas tribos se viram invadidas e chacinadas, impedidas de dispor da sua liberdade, por causa da ganância do homem ocidental pelas terras que ocupavam, principalmente quando nelas se descobrem minas de ouro.

Existem algumas tentativas de paz. De parte a parte, há quem pretenda resolver o assunto sem chacinas e de forma calma, mas os Apache acabam sucessivamente enganados por altas patentes do exército que os vêem como selvagens que devem ser domados e não como um adversário que deve ser respeitado, ou como seres humanos que possuem a sua própria cultura e moral.

O resultado já se conhece. Os Apache fazem emboscadas e chacinam os que podem como forma de resposta às próprias perdas pouco honradas que vão sofrendo. Mas por cada homem branco que matam, vários surgem no seu lugar enquanto que por cada Apache que morre, nenhum outro surge. As mortes são cada vez mais horrendas e instala-se o completo desrespeito pelos mortos.

É impossível, ao longo deste relato, não torcer pelos Apache, mesmo conhecendo, de antemão, o resultado histórico. O homem branco revela-se traiçoeiro e mentiroso, utilizando falsas desculpas morais para chacinar e impôr uma guerra enquanto que os Apache tentam cumprir à palavra dada esperando alguma honra nos acordos.

Se a narrativa é poderosa, colocando a perspectiva do lado dos Apache e dando uma visão bastante diferente da tradicional, a imagem não é menos forte. Os desenhos, a preto e branco, captam movimento e expressão, dando profundidade quando tal é necessário, ou retirando-a para dar maior foco à acção que decorre. O resultado é fabuloso e mesmerizante.

Indeh foi publicado em Portugal pela G Floy.