Esta série, de premissa fantástica ou de ficção científica, pareceu-me suficientemente intrigante para a explorar. A história alterna entre duas realidades, apresentando-nos, numa, um grupo de estudantes nos anos sessenta que organiza festas em casas abandonadas, e na noutra, um pai e respectiva filha que são obrigados a abandonar a sua casa, num mundo distópico e apocalíptico.

Inicialmente, não percebemos muito bem a diferença entre as duas realidades, mas quando o grupo de estudantes encontra uma porta para o infinito, e consegue transitar de realidade, percebem-se algumas diferenças cruciais – como o facto de ficarem espantados com a existência de nuvens. Já no mundo distópico e apocalíptico percebemos que os médicos escasseiam, que surgiram novos animais e que alguns artefactos tecnológicos parecem ter substituído alguns seres vivos.

A narrativa é, tão ou mais intrigante quanto a expectativa, não revelando, neste primeiro volume, elementos suficientes para se perceber que fenómenos estarão por detrás de todos os componentes estranhos. Mas a premissa permite criar paisagens ligeiramente alienígenas, com detalhes tecnológicos futuristas e ambientes inóspitos.

A história é movimentada. A alternância entre duas realidades e o facto de, em ambas, haver algo que faz mover ou fugir as personagens, faz com que o volume seja cadenciado. Os estudantes são atraídos novamente para as casas abandonadas, mas estas estão agora rodeadas por polícia. Pai e filha vão enfrentar ladrões e burlões, sendo obrigados a defender-se.

Este volume está carregado de incógnitas, levando-nos a colocar várias questões, mas respondendo a poucas. Visualmente tem momentos curiosos mas também tem algumas páginas mais banais. Este primeiro volume possui bastante potencial, mas se será excelente ou esquecível, vai depender da forma como interliga as duas linhas narrativas.