Eis mais uma série Mangá, lançada em Portugal pela Devir, da qual se ouve falar bastante – até por ser uma das séries com mais vendas. A série remete-nos para os ghouls, monstros humanóides que consomem carne humana e que, na maioria das mitologias, podem ser encontrados em cemitérios. Estas criaturas podem ser encontradas em narrativas tão diferentes quanto Throne of Bones, ou The City of Brass.

No caso de Tokyo Ghoul, os ghouls aqui apresentados são diferentes do expectável. Tratam-se de criaturas de aspecto totalmente humano, que socializam com os seres humanos, mas que detém a sua própria organização, estabelecendo áreas de caça, nas quais apanham e consomem seres humanos. A cidade de Tóquio está em alerta, com várias casos de mortes relatados nalguns bairros.

Kaneki Ken é um estudante tímido que, finalmente, consegue um encontro com uma jovem. Mas quando percorre com ela as ruas da cidade, descobre que esta não é humana e quase é consumido. Felizmente, a meio, ela é atropelada. Kaneki é transportado para o hospital e, ao precisar de órgãos humanos, o cirurgião, sem saber, escolhe como dadora a jovem ghoul. A partir daqui Kaneki desenvolve aversão a várias comidas e alguns poderes pouco usuais.

A história de Tokyo Ghoul não apresenta, neste primeiro volume, a personagem principal como um herói, ou alguém que passa a apresentar comportamentos heróicos, destacando-se, desta forma, de várias séries Mangá. A personagem adquiriu novas características e é introduzido ao mundo dos ghouls, tendo que aprender a viver com a sua dualidade.

Este é um volume introdutório, relativamente simples em narrativa, mas suficientemente intrigante para, talvez, me levar a ler um segundo volume. A premissa da transformação não é nova, e, aqui, dá lugar a vários episódios de adaptação, acrescentando complexidade à adaptação do jovem a um novo meio estudantil, enquanto tenta socializar e criar uma rede de amigos ou conhecidos.

A premissa do ghoul retira algum foco aos dramas usuais de um jovem estudante tímido e introvertido (e que gosta de ler), adicionando episódios de acção, consumo de carne humana e monstros. Novamente, a narrativa destaca-se por não tentar fazer da personagem um herói, antes alguém em adaptação à sua nova realidade.

Não se percebendo, ainda, como vai funcionar a dinâmica dos próximos volumes, este apresenta alguns elementos que deverão ser explorados no seguimento, como a sobrevivência entre os dois mundos e a aprendizagem das regras nas interacções com outros ghoul. É uma narrativa relativamente simples e fluída, competente na execução que, por enquanto, não destacaria como excelente em nenhuma componente.