Engenheiro informático e escritor de ficção científica, Cixin Liu é um dos mais conhecidos autores do género, destacando-se por uma abordagem bastante peculiar nas suas histórias. As suas histórias já lhe permitiram vencer nove vezes o prémio chinés Galaxy Award, bem como o Hugo e o Locus. The Circle é uma história que já conhecia, da antologia Invisible Planets, e que vejo agora adaptada para banda desenhada, numa colecção que reúne vários artistas com o intuito de publicar, neste formato, as histórias de Cixin Liu.

Em The Circle, o Rei Zheng pretende reunir dois reinos, julgando-se o escolhido dos céus. Mas quando sofre um atentado por um emissário da nação vizinha sem sofrer nenhuma lesão, acaba por poupar o perpetuador do atentado quando este lhe promete a imortalidade, associada à descoberta dos vários números de Pi, o que seria a linguagem dos deuses.

Seguindo o método tradicional, tal empreitada seria impossível. Mas o emissário tem uma forma astuta de conseguir acelerar o processo, treinando o vasto exército de forma a funcionar como um computador, fornecendo um papel a cada soldado e fazendo com que o conjunto se automatize para o cálculo.

Tal como o conto original, a história não cativa pelas personagens ou pelas suas circunstâncias, ainda que exista alguma caracterização do Rei e evolução desta personagem, com alteração de acções e reacções, no seguimento das promessas do emissário. A narrativa cativa pela exploração de uma ideia megalómana e engenhosa, que explora uma premissa diferente num contexto social de regras curiosas distinto do ocidental.

Nestas circunstâncias, a narrativa é pausada. Apesar de existirem alguns, poucos, episódios de acção, a maioria das interacções são introspectivas ou teóricas, falando de possibilidades e de lógica, com o objectivo de por em prática o plano de levar o imenso exército a agir como um computador.

Apesar de não ser uma história extraordinária enquanto narrativa que desenvolve personagens, é uma história que se destaca por ser uma ficção científica não futurista, num passado como cenário que se apresenta como plausível, ainda que possua alguns elementos mais avançados. A adaptação para o formato funciona muito bem, sem pressas, deixando o texto original respirar e desenvolver-se. Os desenhos são bons, resultando nalgumas páginas agradáveis.

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