Será tempo de pegar numa nova série fantástica da Image? Saga está em produção em câmara lenta, retomei Isola, mas afinal só tem dois volumes. Esta tinha um aspecto suficientemente mirabolante ao mesmo tempo que parecia ter tema de fantasia, indicando decorrer num mundo onde a magia tinha morrido. Mas bem, como sabemos, estas notícias costumam ser anunciadas antes de realmente terminarem todos os elementos mágicos. E assim é.

A narrativa segue um cavaleiro, um bardo antisocial, que procura restos de magia para salvar a sua esposa. Não podendo comunicar com ela, escreve-lhe longas cartas explicando os acontecimentos. Esta personagem é peculiar, parecendo ter aversão às honras dos heróis e cavaleiros, mas mesmo assim, executando uma ou outra acção que se distinguem, apesar da sua rabugice.

Enquanto deambula vamos percebendo o mundo que o rodeia – um mundo que parece voltado do avesso, caótico e peculiar. Existem, ainda criaturas mágicas, mas parecem estar a definhar, e qualquer menção a magia atrai múltiplos interesses. Ainda que a personagem principal pareça contente com a nova realidade.

Este bardo tornado cavaleiro em demanda é uma personagem peculiar. Apesar de executar as ocasionais acções honradas, apresenta-se cínico com a humanidade – mas não de uma forma inteligente ou distante, antes uma contínua auto-comiseração.

Coda não é uma leitura fácil de entrar. Apesar do tema a história apresenta o relato da própria personagem que usa uma construção mais antiquada. Não existindo grande introdução para além desta, é difícil perceber, inicialmente, o que está a acontecer, e algumas circunstâncias dos diálogos. Quando finalmente começamos a encarrilar na leitura, a narrativa sofre uma reviravolta curiosa que me convenceu a pegar nos próximos volumes, por mostrar um humor peculiar e uma capacidade de quebrar com as expectativas, mas sem quebrar a coerência narrativa.

Do ponto de vista visual, as imagens são, tal como a narrativa, difíceis de percepcionar, apresentando várias cores mescladas em desenhos de traço fino, onde os detalhes e os contornos não são fáceis de discernir num primeiro olhar.

O resultado, como disse, é difícil de entrar, obrigando a uma leitura pausada. Ainda assim, vale a pena e devo adquirir os próximos volumes, apesar de não aconselhar a todos os leitores. Quem aprecia uma leitura mais fluída e onde a acção seja mais visível não ficará agradado com Coda. O desenho, também, não agradará a todos, e custa a habituar, ainda que, no final, até tenha apreciado.